A conferência da Nokia começou com uma série de slides sendo passados ao público. Sem ninguém do corpo diretivo presente no palco até aquele momento, várias citações acerca da telefonia celular em geral (e não apenas sobre a Nokia) eram passadas ao público, todas retiradas de revistas, jornais e sites muito reconhecidos e redigidas na fonte oficial da empresa.
Quando finalmente, após a incessante apresentação de slides, a conferência começou, começaram a ser divulgados uma série de dados sobre a Nokia: atualmente 1,2 bilhões de pessoas utilizam aparelhos da Nokia (o que daria mais de 15% da população mundial); 13 dispositivos da empresa são feitos e vendidos por segundo; “a ONU está presente em 192 países, a Nokia em 220”; entre tantos outros dados curiosos, como o fato de o N97 ter capacidade de processamento 30 vezes maior que as sondas de Marte e 17 mil vezes maior que a Apollo 11.
Olli-Pekka Kallasvuo (CEO da Nokia) entrou no palco e fez um pequeno discurso sobre Las Vegas, logo em seguida, mostrou o primeiro telefone celular fabricado pela empresa, é o Mobira Cityman 450, um verdadeiro “tijolão” para pedreiro nenhum botar defeito. Após isso, mostrou o Nokia 1616, dizendo que esse é o aparelho que deveria ser considerado o básico para todos os cidadãos do mundo (ele comparou o Cityman a um Ford T e o 1616 a um Mustang).
Em uma espécie de discurso social, o Kalasvuo começou a dizer as várias vantagens que a Nokia tem sobre suas concorrentes, enaltecendo as ações de inclusão digital que ela faz nos mercados emergentes (no momento em que são mostrados vários indianos de classe baixa utilizando os celulares Nokia e seus aplicativos de baixo custo).
“Nós achamos que podemos fazer bons negócios e fazer o bem ao mesmo tempo”, disse o CEO, ao mesmo tempo em que afirma que muitas pessoas começarão a desfrutar das vantagens dos smartphones e da internet wireless nos próximos anos, mas que os aparelhos das concorrentes ainda são muito complicados.
Um rapaz chamado de Indiana Jones da Nokia foi chamado ao palco. Ele disse que a Nokia conseguiu crescer tanto porque ao mesmo tempo em que empresas pensam nos mercados emergentes como um “cone de incertezas”, a Nokia pensa no mundo todo com um “cone de oportunidades”. Reiterando isso com a seguinte afirmação: “há 800 milhões de analfabetos no mundo, muitos deles são nossos clientes”. Parece realmente que a ideia da Nokia é ser transformada em “marca de todos”.
40 minutos após o início da conferência, o discurso social continua imperando. Agora estão sendo informados os desafios da conexão com a Índia, mas também está sendo dito o quanto os investimentos da Nokia são importantes para o desenvolvimento de aparelhos alheios ao mainstream. Mas ainda não há nenhuma informação sobre novos aparelhos, que é o que todos estão esperando.
Finalmente começam a ser dadas informações sobre as tecnologias da Nokia. Nokia Money, o serviço móvel que liga os usuários aos bancos; muito útil para quem não possui acesso fácil aos bancos financeiros (nota da redação: onde estão os novos produtos?).
Em um projeto chamado “Calling All Inovators (Chamando todos os inovadores)”, a Nokia pretende aumentar exponencialmente a lista de aplicativos disponíveis para os smartphones fabricados por ela. O projeto é um incentivo a novos desenvolvedores que quiserem firmar parcerias com a Nokia e com isso, aumentar a receita.
Há 300 mil desenvolvedores trabalhando na China, exclusivamente para produzir aplicações móveis que possam ser utilizadas no Symbian, o sistema operacional da Nokia. Com isso a Nokia deixa bem claro que pretende se equiparar ao iPhone em número de softwares disponíveis. Logicamente isso ainda demorará um pouco, mas há informações de que os melhores desenvolvedores (em Junho serão divulgados os nomes) vão receber investimentos de 1 milhão de dólares.
Passada uma hora de conferência, o CEO da Nokia disse: “E o melhor de tudo, é que isso é apenas o começo!”. As impressões deixadas ao final de uma conferência em que nada realmente novo foi apresentado são as seguintes: a Nokia pretende ser a empresa de maior cobertura do mundo, chegando a atender 80% da população mundial; deixou bem claro também que fará isso a partir dos mercados emergentes.