A série “Narcos” tem dividido a opinião do público: há aqueles que curtiram o trabalho do diretor José Padilha com a adaptação da história de Pablo Escobar, enquanto outros criticaram um ponto ou outro da produção exibida na Netflix. Porém, nessa história toda há alguém que não está muito feliz: Juan Pablo Escobar, filho do personagem que se tornou uma das figuras mais conhecidas da Colômbia.
Em entrevista à Folha de São Paulo, o filho de Pablo Escobar disse que se sente insultado com a história apresentada na série, e acusou tanto Padilha quanto o Netflix de usarem a imagem de sua família sem consentimento. Por conta disso, tem planos de processar o diretor e o serviço de streaming.
“[A história de ‘Narcos’] É um insulto à história da Colômbia, à memória do meu pai e à de milhares de vítimas que perderam a vida dentro dessa história. É uma maneira horrorosa de representar meu pai como o único responsável por tudo que aconteceu. Omite fatos históricos que não deveria, sobretudo quando se apresenta ao público uma história supostamente verdadeira”, comentou Juan.
“Queria saber do senhor Padilha como ele reagiria se eu escrevesse uma história da vida dele sem que ele soubesse”, continuou o entrevistado, que também se diz surpreendido por não terem mostrado as torturas feitas pelo DEA (órgão norte-americano de repressão aos narcóticos).
“Me surpreende não mostrarem as torturas do DEA. Eles são simples espectadores, não tocam em ninguém. Entendo que, como autoridades, tinham a obrigação de denunciar as torturas [do estado colombiano] que foram testemunhas e participantes. Mas o seriado não conta essa parte, apresenta como uma coisa normal. É a violência institucional validada por meio da Netflix”, ressaltou o filho de Pablo Escobar.
Juan Pablo Escobar diz que não ficou muito feliz com a história apresentada em "Narcos"
Com a palavra, o outro lado
Após a entrevista dada por Juan Pablo Escobar, a Folha de São Paulo procurou o diretor José Padilha, que enviou uma declaração criticando a postura do herdeiro do personagem retratado na série.
“Pablo foi representado por muitas pessoas em muitos livros e filmes, às vezes de maneira heroica, como fez seu primo, Roberto Escobar. Por que será que este senhor ficou chateado só agora? Por que não saiu batendo no que narrou seu tio, que vivenciou a vida criminosa de Pablo diretamente?”, comentou o diretor.
“A Netflix tem todo direito de contar a história de Pablo como bem entender e de explorar comercialmente a sua narrativa, como qualquer escritor e cineasta têm, posto que Pablo Escobar é uma figura pública. E também tem o direito de contratar os consultores que preferir, segundo a sua avaliação, assim como este senhor tem o direito de ficar chateado por não ter sido contratado [Juan disse que se ofereceu para ser consultor caso fosse remunerado, mas que não recebeu uma proposta do diretor]”, continuou Padilha.
A assessoria da Netflix também foi procurada para esclarecimentos referentes ao caso, mas decidiu não comentar sobre o assunto.
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