Como uma das grandes figuras do cenário da tecnologia móvel atual, o lançamento de um netbook é perfeitamente natural para a Nokia. Afinal de contas, os minúsculos portáteis frequentemente disputam mercado com os smartphones, categoria que agrega os principais produtos da empresa.
Até o presente momento, as informações lançadas pelo fabricante são mínimas, até para manter o público na curiosidade. É comum no mundo da alta tecnologia o vazamento de informações – mesmo que sejam apenas fotos borradas – de equipamentos em desenvolvimento. No caso do Booklet 3G, isso não aconteceu. Rumores e discussões na internet com certeza aconteceram, porém nada mais concreto que isso chegou aos sites e blogs especializados antes do anúncio oficial.
Uma máquina como as outras?
O grande problema do mercado de netbooks é a padronização. Poucas são as marcas que tem inovado a cada lançamento, e a Nokia, estreante nessa arena, não correu riscos desnecessários.
Como toda a informação disponível sobre o Booklet 3G é vaga, pode-se apenas especular sobre os detalhes de configuração. O que se sabe, entretanto, é que o portátil terá um processador Intel Atom – cuja velocidade ainda é segredo, mas que ainda se mantém abaixo dos 2 GHz de frequência. Detalhes de memória RAM, disco rígido e placa de vídeo ainda só podem ser imaginados.
A tela de alta definição do Booklet 3G mede 10 polegadas, mas a resolução máxima também ainda não é conhecida. O grande ponto, em termos de imagem, é a existência de uma porta HDMI – incomum em netbooks – que permite ligar o pequeno aparelho a um monitor ou televisão HD. Na parte frontal do aparelho, uma webcam integrada permite a realização de chamadas de videoconferência.
A conectividade do computador é completa, contando com Bluetooth, HSPA, 3G, Wi-Fi e A-GPS. Duas portas USB e um leitor de cartões SD completam o pacote de acesso do equipamento.
Essa conexão GPS, inclusive, é uma das forças do Booklet 3G, por assim dizer. O sistema de posicionamento funciona a partir do OVI Mapas, serviço já conhecido dos usuários dos smartphones da empresa finlandesa. Pode-se esperar então uma expansão de outros serviços de chancela OVI para o Booklet 3G, permitindo sincronizar contatos, calendário e emails entre seu celular e o netbook pela internet, além das opções normais de compartilhamento de dados.
Pode ser que sim, mas talvez não
Outra fonte de expectativas para este aparelho é o acordo recentemente firmado entre Nokia e Microsoft. Pelo acordo, as duas empresas entrariam em parceria para desenvolver aplicativos para o Symbian – sistema operacional dos celulares e smartphones da Nokia. A chegada do Booklet 3G pode apresentar possibilidades de se fazer o caminho de volta. Especula-se que essa parceria possa também trazer aplicativos do mundo dos smartphones para computadores – mesmo que netbooks – especialmente com os planos da Microsoft de oferecer a suíte Office de aplicativos (Word, Excel, PowerPoint) através de serviços online, de maneira semelhante ao Google Docs.
Mas vale a pena mais um netbook no mercado?
É fato conhecido que o mercado para os superportáteis está saturado. Desde o primeiro Asus Eee PC, a quantidade de marcas que entraram na disputa é enorme, porém a Nokia conta com algumas vantagens em relação a seus concorrentes que podem ser exploradas para facilitar essa estreia.
Para começar, o Booklet 3G em si tem seus méritos. Apesar das configurações conhecidas não serem extraordinárias, as opções que ainda não foram divulgadas podem pender a balança – tanto de forma favorável, quanto de maneira prejudicial às vendas. Entra aqui um ponto importante, entretanto, que é o visual e as dimensões do computador finlandês.
Pesando 1,25 kg, o Booklet 3G é montado numa carcaça de alumínio que lembra um pouco a carapaça dos MacBooks unibody. Isso faz com que o computador seja – além de leve, o que é obrigatório para um netbook – muito bonito. A área do touchpad é grande, o que deve aumentar o conforto de seu uso, e lembra o visual do touchpad dos portáteis da Apple antes da chegada dos unibody.
Segundo a Nokia, outro fator diferencial no Booklet 3G é a bateria. Nos testes da fabricante – que, convenhamos, não são os mais confiáveis – o tempo de utilização do netbook com uma carga completa da bateria chega a 12 horas ininterruptas. Em perspectivas realistas, pode-se esperar um ciclo de 6 horas entre cada recarga.
Será um sucesso de vendas?
Provavelmente não. Especialmente no Brasil é difícil acreditar em sucesso de vendas, já que esses equipamentos acabam custando quase o mesmo que notebooks bem mais potentes. Porém, não se pode desconsiderar o canal de distribuição disponível à Nokia em qualquer lugar no mundo. É impossível entrar numa loja de operadora de telefonia celular e não encontrar ao menos alguns modelos da empresa finlandesa em exposição.
Caso a Nokia aproveite a rede de lojas que já trabalham com a marca, as chances de sucesso aumentam consideravelmente. Uma possibilidade complementar – e que pode facilmente alavancar as vendas do Booklet 3G – é a de oferecer o computador subsidiado através das operadoras, como foi feito com o Asus Eee PC 701. O consumidor chega à loja e compra, por um preço atrativo, o computador e já inclui um contrato de plano de dados, permitindo o uso da internet móvel a partir do momento que ele sair da loja.
Agora, o que pode ser feito é esperar o Nokia World, em setembro, para o anúncio completo das especificações e detalhamento do Nokia Booklet 3G, o primeiro netbook da empresa, e a volta da mesma ao mercado de computadores depois de quase 18 anos.