NS 50 Let Pobedy "estacionado" no gelo (Fonte da imagem: Blog Mercante)
Você com certeza já viu nos filmes aqueles enormes caminhões utilizados para limpar o gelo das estradas no Hemisfério Norte do planeta. Os trens também contam com um recurso chamado de limpa-trilhos, capaz de remover obstáculos de seu caminho.
O que muita gente não sabe é que existem também os navios quebra-gelo – embarcações capazes de transpor lugares completamente congelados e abrir caminho para que outros navios passem sem encalhar.
Domínio russo
As grandes geleiras na parte norte da Rússia e do Oceano Ártico compõem uma paisagem um tanto diferente, com muito gelo e neblina. Entretanto, apesar de ser um dos locais menos hospitaleiros da Terra, o lugar também abriga uma das maiores quantidades de petróleo do planeta – o que o torna bem mais interessante.
E esse foi um dos principais motivos que fizeram a antiga União Soviética investir pesado em gigantescos navios quebra-gelo, construindo uma frota com poder de abrir caminho nos lugares mais complicados – movendo-se, principalmente, graças à energia nuclear.
Além dessa funcionalidade principal, os quebra-gelo soviéticos também serviram durante muito tempo para mostrar todo o poder da “máquina soviética”, em uma época em que o comunismo e a Guerra Fria faziam parte da vida de qualquer habitante daquele lugar.
No meio desta frota, encontra-se o NS 50 Let Pobedy, cujo nome em português significa “50 Anos da Vitória” – uma homenagem às batalhas vencidas contra a Alemanha na Segunda Guerra Mundial.
NS 50 Let Pobedy abrindo caminho para outro navio (Fonte da imagem: Blog Mercante)
Considerado o maior quebra-gelo do mundo, este navio é capaz de impor respeito: a embarcação mede 130 metros, pesa mais de 25 mil toneladas e conta com nada menos do que dois geradores nucleares próprios.
Como funciona
Ao contrário do que imaginamos quando se fala em algo capaz de abrir caminho pelo gelo, a proa de um navio como o NS 50 Let Pobedy não traz uma ponta. Ela é, na verdade, mais “suave” do que a frente normal dos transatlânticos, trazendo uma forma semelhante até mesmo à de uma colher.
Se nos navios normais a proa é responsável por “cortar” as ondas, aqui o seu formato arredondado faz com que o gigantesco barco literalmente passe por cima do gelo. Dessa forma, é o seu peso quem realmente acaba por abrir caminho destruindo as geleiras. Assim, os barcos são capazes de transpor camadas de oceano congelado impressionantes, como partes de gelo com até seis metros de espessura.
À medida que o navio progride, o seu casco (também com formato especial) é o responsável por afastar o gelo triturado, impedindo-o de entrar em partes importantes da embarcação e evitando assim que sistemas do barco parem de funcionar, como o de propulsão do navio, por exemplo.
É preciso ter (muita) potência
Apesar de os primeiros navios quebra-gelo terem surgido por volta da década de 1830, os navios de quase 200 anos atrás não eram muito diferentes dos gigantes construídos pela União Soviética. A principal diferença está na força de propulsão, que no caso dos navios mais novos é gerada por energia nuclear.
E se o NS 50 Let Pobedy é o maior do planeta, é preciso contar com algo capaz de fazê-lo atropelar qualquer geleira. Por isso, força e energia não devem faltar tão cedo. O navio conta com dois reatores nucleares capazes de gerar 55 megawatts de energia – o suficiente para abastecer uma cidade com 25 mil habitantes.
NS 50 Let Pobedy (Fonte da imagem: Blog Mercante)
Boa parte da capacidade gerada é transformada em potência, a qual empurra o barco para cima do gelo por meio de três motores elétricos que, somados, têm aproximadamente 74 mil cavalos – o equivalente à cerca de 1100 carros populares.
Toda essa capacidade, além de empurrar o barco de forma incisiva para cima do gelo, também é capaz de manter funcionando todas as suas instalações, como academias, piscinas térmicas, restaurantes, salas de massagem e algumas outras mordomias disponibilizadas aos mais de 130 funcionários que trabalham na embarcação.
A energia nuclear foi trazida para esses navios ainda na década de 1950, estreando mais precisamente no NS Lenin, lançado em 1957. Esse tipo foi escolhido porque é o mais econômico e fácil de ser utilizado.
NS 50 Let Pobedy (Fonte da imagem: Motherboard Vice)
Se os barcos fossem equipados com motores movidos a diesel, seriam necessárias mais de 100 toneladas de combustível por dia, enquanto que a tecnologia nuclear consome somente cerca de 1 quilo diário de urânio enriquecido para funcionar.
Bônus – Um cruzeiro diferente
Você pode nunca ter sonhado em fazer um cruzeiro no meio do gelo, mas saiba que caso você mude de ideia, existem opções muito interessantes para conhecer lugares bem diferentes, como o Golfo de Bothnia, por exemplo.
O passeio no local é feito graças ao quebra-gelo finlandês Sampo, e o cruzeiro, segundo a página oficial do serviço, oferece uma experiência única e diferente de tudo o que você jamais experimentou.
Que tal um cruzeiro em um quebra-gelo? (Fonte da imagem: Sampo)
Entre as atrações, estão descer e dar uma volta sobre incríveis geleiras, desfrutar de mergulhos em águas geladíssimas (com roupas especiais, é claro) e, como não poderia faltar, conhecer como é estar a bordo de um gigantesco navio que abre o próprio caminho no meio do gelo.
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