É difícil, para não dizer impossível, encontrar alguém que não goste de música. Independente do estilo que cada um prefira, grande parte dos usuários de computadores não passa muito tempo navegando sem colocar seus arquivos favoritos para tocar. Grande parte destes usuários também já tentou se aventurar em alguns instrumentos: guitarra, violão, bateria ou qualquer outro.
Não dá para negar que tocar algum instrumento é difícil. Agora pare para pensar um pouco conosco: se tocar um instrumento que você consegue ver já é complicado, imagine como seria difícil tocar um invisível? Calma, o Baixaki não está ficando maluco! Isso já é possível, graças aos programadores de todo o mundo, que não param de desenvolver novos métodos de criar canções.
O início: portáteis da Apple
Com o lançamento dos iPod Touch e iPhone, pela Apple em 2007, começaram a ser lançados muitos aplicativos portáteis que se aproveitam das vantagens das telas sensíveis ao toque para criar novas possibilidades e experiências. Prova disso é o altíssimo número de “Pianos Virtuais” que existem na loja de softwares da Apple.
E não são apenas pianos e teclados, hoje é fácil encontrar também simuladores de baterias e até pandeiros. Com a chegada do iPad as experiências foram ampliadas, pois ficou muito mais fácil tocar um instrumento virtual, visto que as teclas já não seriam tão pequenas. Além de instrumentos, também há equalizadores e efeitos que podem ser utilizados facilmente.
É preciso lembrar também de um outro tipo de aplicativo que existe para os portáteis da Apple: os mixers. Com eles, vários artistas gravaram seus próprios discos, como é o caso do novo álbum da banda Gorillaz, “The Fall”.
Kinect: um novo patamar
Criado para ser apenas um complemento ao console da Microsoft, o Kinect não demorou para ser decodificado por hackers. Com isso, muitos criaram formas de utilizar o sensor do Xbox 360 para funções que nada tinham a ver com os jogos compatíveis com o aparelho. Computadores controlados por gestos, simulações de realidade aumentada e nosso foco, a música, são algumas das possibilidades.
DJ Virtual: controle por gestos
Talvez este seja o projeto mais simples de todos os apresentados neste artigo. Kyle Cameron criou um software muito parecido com muitos outros conhecidos como mixers. A grande diferença entre este e os outros é que em vez de botões comuns controlados pelo mouse ou teclado, o aplicativo é controlado por gestos.
Para isso, é claro que foi utilizado um Kinect. O DJ só precisa deixar as mãos sobre determinados campos de execução das atividades, fazendo com que as canções sejam trocadas, os tempos sejam alterados e também que ajustes na equalização possam ser realizados apenas com gestos de instrução.
Que tal um piano gigante?
Você se lembra do filme “Quero ser grande”, com Tom Hanks? Neste clássico das tardes da televisão aberta, o protagonista encontra um piano gigante em um shopping center e descobre que é possível tocá-lo com os pés. De maneira resumida, Tom Hanks faz música ao passear e pular sobre as teclas do grande piano.
Com o Kinect é possível fazer algo parecido. É o que provou o usuário Petermmoz, no YouTube, ao divulgar alguns vídeo do projeto OpenKinect Piano. Com a configuração do sensor foram feitas marcações de teclas invisíveis no chão, e quando os usuários pisam sobre o local das teclas (que estão visíveis na tela), as notas são reproduzidas.
Isso acontece porque no conjunto entre computador e Kinect, são criados pontos de execução. No vídeo postado logo acima deste parágrafo, você pode perceber que há também as imagens do sensor sendo reproduzidas no canto superior direito. As teclas que ali estão visíveis são acionadas quando o usuário pisa sobre o local determinado. Estas teclas são os pontos de execução.
O autor ainda mostra que com o mesmo procedimento é possível colocar as teclas sobre superfícies menores e fazer com que o piano seja mais parecido com um piano normal, em questões dimensionais. De qualquer forma, o piano é invisível para os olhos humanos, podendo ser enxergado apenas nos computadores configurados com o Kinect.
Stringer: conheça as cordas gigantes
Não tão elaborado graficamente quanto o piano gigante, o Stringer foi criado para participar da Music Hackday (NY). Ele funciona de maneira relativamente simples, não dependendo de superfícies para que possa ser executado. Os programadores Aidan Feldman, Tyler Williams e Alexander Chen inspiraram-se em harpas para realizar o projeto.
Como já dissemos, ele é bastante simples e só precisa do Kinect conectado a um computador para ser utilizado. Com as cordas desenhadas na tela do aplicativo, várias pessoas podem comandar o instrumento com as mãos, pois o Kinect reconhece os movimentos e os transforma em campos de ativação.
Os algoritmos do software reconhecem o tamanho das cordas e aplicam, para cada uma delas, diferentes tonalidades e notas. Desta forma, os usuários podem comandar o instrumento invisível com o auxílio de monitores.
Controladores MIDI: mais possibilidades
Muitas músicas que ouvimos nas rádios não são gravadas da maneira tradicional, com todos os instrumentos sendo tocados. Gravadoras utilizam o artifício dos controladores MIDI para poder simular instrumentos com o auxílio apenas de um teclado profissional. A grande vantagem é que com pacotes de sons adequados, é possível simular qualquer instrumento que exista.
Quem não tem um teclado, mas tem um Kinect, pode fazer o mesmo que o usuário svenisnum (YouTube). Ele criou um software de controle MIDI que é ativado pelos gestos em frente ao sensor da Microsoft. Ao contrário de um teclado, que possui um número limitado de teclas, o aplicativo pode apresentar centenas de teclas, camufladas sobre a superfície de ativação.
Quando o movimento é feito sobre elas, são acionadas as notas referentes a cada uma. Se o usuário quiser alterar o valor sonoro de cada uma, não precisa realizar o processo individualmente, mas apenas o valor da primeira e da última tecla. Assim, são calculados os espaços microtonais entre os campos de ativação para criar as diferenças nas notas produzidas.
Outro usuário do YouTube, 1983kuroko, criou um processo um pouco diferente. Ele conectou o Kinect ao aplicativo Ableton Live 8 para comandar o controlador MIDI. Assim, pôde compor linhas de teclado e também de bateria. É preciso notar que neste caso, o campo de ativação é determinado, diferente do que aconteceu no caso anterior, em que todo o sensor era usado para acionar o controlador.
Tim Soo: um caso à parte
Se você acha que já viu tudo neste artigo, vai ficar de boca aberta quando entender o que Tim Soo conseguiu criar com alguns eletrônicos que possui. Primeiro vamos mostrar o mais simples dos seus projetos: Invisible Guitar (guitarra invisível). Para isso, ele usou um iPod Touch com o app TouchOSC e um WiiMote (controle do Nintendo Wii).
Unindo o infravermelho do controlador e o iPod Touch conectado ao computador por Wi-Fi, ele conseguiu simular uma guitarra com muita qualidade. Vale ressaltar que os sons não estão sendo produzidos no iPod Touch, mas sim no software do computador. O WiiMote envia os sinais de movimento e o iPod envia os sinais dos acordes para o software MAX/MSP.
Mas o grande ápice de Tim Soo (pelo menos até agora) é o Invisible Violin (Violino Invisível). Para simular o instrumento, Soo utilizou o WiiMote (desta vez sendo utilizado como um arco e não como uma palheta) e uma luva de comandos chamada I-cube Touch Glove.
O sensor de movimentos do controlador é utilizado apenas para captar a velocidade das notas, mas não para o posicionamento. As notas são geradas pela luva, de acordo com os pontos de pressão que são acionados por Tim Soo em cada momento. Assim como aconteceu com a Invisible Guitar, para o violino também foi utilizado o software MAX/MSP.
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O que você achou destes novos músicos que começam a surgir na internet? Será que em breve os aplicativos de controle musical serão mais bem integrados ao sensor Kinect para garantir resultados mais profissionais? Deixe um comentário nos contando o que achou desta nova moda e aproveite para dizer qual foi o vídeo que mais gostou.
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