(Fonte da imagem: Reprodução/The Economist)
Quando você liga o rádio ou a televisão, é difícil não passar por momentos em que todas as músicas que surgem parecem ser iguais entre si. Uma análise publicada na revista Scientific Report mostra que essa impressão está mais ligada à realidade do que a um possível preconceito ou desconhecimento das canções atuais.
O estudo realizado por Joan Serrà e seus colegas no Instituto de Pesquisas em Inteligência Artificial de Barcelona mostra que as canções que ouvimos se tornaram mais homogêneas e altas com o passar das épocas. A conclusão surgiu da análise de 464.411 faixas populares gravadas entre 1955 e 2010, em uma seleção que compreende gêneros como o pop, música eletrônica e o heavy metal.
Evolução musical
A análise partiu da premissa que, assim como a linguagem, a música evolui de maneira natural, muitas vezes sendo influenciada por forças conflitantes. Enquanto a música popular preza por certo grau de conformidade — algo provado pelo grande número remixes e regravações —, ela também se mostra obcecada em seguir tudo o que há de novo em matéria de tendências.
Os pesquisadores descobriram que as músicas atuais confiam nas mesmas técnicas de composição daquelas gravadas na década de 1950 — quase todas as melodias populares são compostas por somente 10 acordes. Além disso, atualmente há mais similaridade entre os timbres dos instrumentos, que se tornaram mais uniformes após o fim da década de 60.
O que o meio musical perdeu em variedade, ganhou em volume. Canções atuais são em média 9 decibéis mais altas do que aquelas gravadas há meio século, prova da aposta da indústria na chamada “corrida da altura”, usada como forma de chamar a atenção dos consumidores. Isso faz com que as faixas atuais percam alcance dinâmico, o que contribui ainda mais para a sua uniformidade.
Mais do que preocupar somente os aficionados pelo meio musical, o resultado pode explicar o motivo pelo qual os algoritmos responsáveis pela identificação de um som nem sempre funcionarem corretamente. Isso faz com que serviços como o Spotify e o Last.fm muitas vezes recomendem artistas que nada têm a ver com aquele que você está escutando no momento, quebrando as expectativas de quem procura ouvir canções diversificadas.
Fonte: The Economist
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