Você já baixou músicas pela internet? Acessa serviços de streaming com frequência? Se sim, então provavelmente você deve apoiar a ideia de que a música digital deveria ser distribuída de maneira gratuita. Mas gravadoras e muitos artistas dizem que isso é pirataria e fere diretamente as leis de direitos autorais – muito defendidas por grande parte deles.
Todos os lados possuem argumentos válidos e que devem ser levados em consideração. Você está curioso para conhecer um pouco mais sobre essa polêmica? Então confira alguns dos principais pontos defendidos por quem acha que a música deveria ser gratuita e também por quem é contra a distribuição dessa forma.
Por que cobrar pelas músicas?
Qualquer artista ou outro profissional ligado à música sabe dizer exatamente por que é necessário (de alguma forma) cobrar pelas músicas. A gravação de um disco envolve muito mais do que o talento dos músicos e cantores. Afinal de contas, são equipamentos e softwares de captura que precisam ser comprados e o trabalho de muitas pessoas que também precisa ser pago.
Uma mesa de som profissional não é nada barata (Fonte da imagem: iStock)
Compor uma canção demanda tempo que poderia ser investido em outras atividades – em economia, é o chamado “custo de oportunidade” –, além do fato de que os produtores precisam ser pagos por seu trabalho. Depois disso, ainda existe o custo de fotógrafos e artistas gráficos para as capas e também gravação e impressão de mídias.
No caso da música digital, gravação e impressão podem ser dispensadas, mas a parte da fotografia é igualmente necessária para a promoção. Em suma, para a imensa maioria dos artistas, a música não é um hobby, mas sim uma profissão que envolve muitos investimentos. Receber um retorno por isso não seria errado.
Pirataria gera desemprego
Todos os anos, as gravadoras perdem uma grande quantidade de dinheiro devido aos dois principais fluxos extraoficiais de distribuição de música: venda de produtos piratas e downloads ilegais. Com o número de discos vendidos sendo reduzido em todo o mundo, muitos funcionários começaram a ser demitidos da indústria fonográfica.
Shows mais caros para cobrir gastos
Outro ponto que algumas pessoas defendem é relacionado ao fato de os shows estarem cada vez mais caros, porque as gravadoras os utilizam para cobrir rombos orçamentários gerados pela pirataria. O site Digital Music News diz que a relação até existe, mas com a música isso é repassado de uma maneira menos correta.
(Fonte da imagem: Reprodução/Dani Starck)
Enquanto os filmes realmente perdem dinheiro para a pirataria – visto que muitas pessoas substituem o cinema pelas cópias piratas –, a música não deveria ter sido tão influenciada, pois o público que vai ao show já está pagando pelo trabalho do artista.
Por que elas deveriam ser gratuitas?
O músico Leoni (que tocou com Cazuza e também na banda Kid Abelha, além de seguir carreira solo de sucesso há muitos anos) afirma que, atualmente, a música digital significa o mesmo que representava o rádio há algumas décadas. Muitos achavam que ninguém compraria discos se pudessem ouvir as canções pelas emissoras de rádio, mas a verdade é que as estações se tornaram grandes divulgadoras dos trabalhos.
Leoni fez parte do movimento Música Para Baixar, que defende a distribuição de cultura de uma maneira menos financeira. Para ele, a música digital também precisa ser encarada dessa forma, pois pode ser uma ótima ferramenta de divulgação – principalmente para músicos iniciantes.
Quem recebe não é o artista
Você sabe quem mais ganha dinheiro com a venda de discos? A gravadora. A parcela de ganhos dos artistas é bastante baixa. Dependendo do contrato assinado, o lucro pode ser inferior a um dólar por disco vendido. Muitos fãs da música independente são enfáticos ao protestar contra a indústria fonográfica, dizendo que ela apenas explora o talento alheio.
(Fonte da imagem: iStock)
Música gratuita também gera dinheiro
Existem diversas formas de monetizar a música gratuita. O YouTube, por exemplo, possui diversos canais Vevo para músicas por streaming. As gravadoras recebem dinheiro do serviço para isso, sendo que os recursos são provenientes dos anúncios envolvidos no vídeo. O Grooveshark fez o mesmo por um bom tempo, mas recentemente perdeu a parceria com a EMI – única gravadora que apoiava o serviço.
Pague se (e quanto) quiser
Um novo modo de distribuição digital de músicas está começando a ganhar espaço há alguns anos. Geridos pela ideia de que os consumidores devem pagar apenas o quanto (e se) quiserem, muitos artistas distribuem suas canções pela internet e lucram com pagamentos que funcionam como doações.
O grupo brasileiro O Teatro Mágico distribui suas canções pelo serviço Trama Virtual, que não cobra pelos downloads. Ao mesmo tempo, os fãs podem comprar os discos físicos, por quantias que não ultrapassam os dez reais – O Teatro Mágico também faz parte do movimento Música para Baixar.
Violins, banda independente de Goiânia (Fonte da imagem: Reprodução/Flickr - Violins)
Outra banda que pode ser citada é a Violins, também brasileira. Eles distribuem as músicas gratuitamente pelo site oficial em qualidade média, mas quem quiser pode pagar para baixá-las em qualidade mais alta ou então comprar o disco físico. Nesse caso, a edição gratuita funciona muito bem como uma divulgadora do trabalho.
Um serviço que contribui bastante para o funcionamento deste sistema é o Bandcamp. Nele, artistas podem disponibilizar suas músicas gratuitamente para download ou para streaming, podendo ainda cobrar para o download do disco completo. Cada artista decide a quantidade que quer cobrar pelo produto. É uma ideia excelente para qualquer artista em começo de carreira.
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Certamente, a discussão não será encerrada tão cedo. Há muitos interesses envolvidos em todos os lados da história e é praticamente impossível que haja um consenso. Você acha que a gratuidade é importante? Ou será que a relação comercial entre público e artista é indispensável?
Fontes: Evolver.FM, Software Livre.org, Media Piracy in Emerging Economies e Digital Music News.
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