O governo brasileiro começou a testar nesta terça-feira (15), em parceria com a multinacional IDEMIA, um sistema de reconhecimento facial que promete agilizar o embarque no aeroporto de Congonhas (SP). A novidade cria a primeira ponte aérea com biometria de rosto no mundo e garante uma experiência digital com menos burocracia, mas sem deixar de lado a segurança.
Chamado de “Embarque + Seguro 100% Digital”, o projeto utiliza reconhecimento facial para autenticar a identidade do usuário no portão de embarque. Graças ao uso da tecnologia, o passageiro não precisa apresentar documentos ou comprovantes para entrar no avião, o que ajuda a evitar o contato físico em tempos de pandemia.
A novidade ainda está em fase de testes e o uso é bastante limitado. Atualmente, apenas alguns voos da Azul permitem o embarque 100% digital em Congonhas. Além disso, para participar do teste, o passageiro precisa fazer um cadastro durante o check-in e fornecer dados como CPF e uma foto.
Primeira ponte aérea digital
Após o usuário ser cadastrado no sistema de reconhecimento facial, o embarque ocorre sem a apresentação de documentos ou qualquer comprovante. O passageiro só precisa ter seu rosto autenticado pelo aplicativo do Serpro, órgão do governo que está trabalhando em parceria com a empresa de biometria IDEMIA, responsável pelo sistema de biometria.
O sistema ainda está em fase de testes.
A nova fase dos testes atinge o nível mais avançado do projeto até agora e cria a primeira ponte aérea 100% com reconhecimento facial do mundo, segundo o Ministério da Infraestrutura. Além de estar disponível em Congonhas, o sistema também funciona no Aeropoto Santos Dumont, permitindo viagens entre São Paulo e Rio de Janeiro com embarques realizados 100% digitalmente.
De acordo com Rodrigo Costa, diretor de desenvolvimento da IDEMIA na América Latina, a implementação do projeto coloca o Brasil na vanguarda da tecnologia. “A biometria ainda é uma novidade no mercado de aeroportos”, explica o executivo. “Existem poucos aeroportos no mundo que possuem embarque biométrico de ponta a ponta”.
Segurança
O programa de embarque com reconhecimento facial utiliza a tecnologia MFACE, desenvolvida pela IDEMIA, além de um aplicativo e banco de dados do Governo Federal. As instituições envolvidas no projeto garantem que toda a coleta de armazenamento de dados é segura. De acordo com Marcelo Sampaio, secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, o sistema do Embarque + Seguro 100% Digital atende “todos os preceitos da LGPD”, a Lei Geral de Proteção de Dados.
A IDEMIA também explica que a captura de dados de reconhecimento facial é feita com criptografia e não armazena fotos dos usuários. O sistema da empresa coleta apenas um “template” de pontos, que é montado com base no rosto do passageiro e não pode ser utilizado para recriar a imagem original.
Tendência
Além do programa piloto no Rio de Janeiro e São Paulo, o projeto de digitalização de embarque também já foi testado em Florianópolis (SC), Salvador (BA) e em Belo Horizonte (MG). O porta-voz da IDEMIA aponta que a iniciativa do Governo Federal deve ser implementada em mais locais até o fim do ano, com o objetivo de melhorar a infraestrutura de aeroportos para privatização.
Segundo Rodrigo Costa, a implementação do sistema de biometria em aeroportos comandados pelo Estado antes da privatização garantirá uma melhor cotação para a venda e deve estimular instituições privadas na adoção da tecnologia. “O governo tomou a frente para puxar os aeroportos privados, criando uma tendência.”
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