(Fonte da imagem: Reprodução/PC World)
Depois de tantos anos dominando cada espaço e cada mesa de trabalho, os computadores pessoais tiveram no ano passado a primeira queda no número de vendas em relação ao período anterior. Em 2012, a redução na procura por PCs foi de 3,7%. A estimativa é de que neste ano a diminuição fique apenas em 1,3%. O que os analistas percebem é que ocorre uma estagnação do computador pessoal, que já teria atingido o seu potencial de vendas e agora perde espaço para outros aparelhos.
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Acredita-se que o segundo semestre do ano apresentará uma leve recuperação do mercado de PCs graças, em grande parte, à necessidade de atualização das máquinas para o Windows 8. A Microsoft deixará de dar suporte ao sistema XP, o que deve levar muitos usuários a procurar um novo aparelho pessoal que dê suporte ao software. O Windows 8 não foi capaz de recuperar o interesse dos consumidores por computadores robustos desde o lançamento do novo sistema em outubro do ano passado.
Os fatores da estagnação
Há uma série de fatores que são apontados para explicar a estagnação do mercado de computadores pessoais. Entre eles, há o próprio estado da economia mundial, que freia o consumo de itens mais caros como o PC. Por outro lado, o aumento de vendas de dispositivos móveis mostra que há uma mudança nos hábitos e interesses em curso, com maior aceitação de tablets e smartphones para realizar as tarefas cotidianas.
A expansão dos tablets e o surgimento de máquinas com servidores em nuvem ou que funcionam a partir do próprio navegador, como é o caso do Chromebook, criaram um novo segmento no mercado que compete diretamente com o computador pessoal. Apesar de os analistas da indústria acreditarem que os novos aparelhos portáteis não substituem a experiência do PC, é inegável que o desenvolvimento de modelos mais velozes se concentra com maior eficácia na melhoria do processamento dos portáteis.
Só um pouco melhor não vale o gasto maior
Uma das discussões que fundamentam o hábito do consumidor moderno é que os novos computadores pessoais não apresentam uma configuração tão mais avançada que justifique a mudança do aparelho. A máquina mais antiga, com alguns anos de funcionamento, ainda consegue completar todas as atividades daquele usuário intermediário que não leva o computador ao limite do processamento.
O argumento de especialistas na área de circuitos, semicondutores e processadores é que uma pessoa que utiliza o PC para verificar o email, o Facebook, assistir a vídeos na internet ou redigir um documento não sente uma grande diferença entre um máquina equipada com chips de 2 ou de 3 GHz. Na verdade, o aumento real no desempenho dos computadores pessoais foi da ordem de apenas 10% a cada ano, e 16% nos laptops — um ganho de performance muito baixo se comparado aos 60% registrados nos melhores anos dos avanços computacionais.
Outra percepção dos analistas técnicos é que processadores potentes como o Core 2 Duo e o Core 2 Quad da Intel, que começaram a equipar as máquinas a partir de 2006, ainda fazem um excelente trabalho mesmo para atividades mais pesadas. Jogos que requerem bastante processamento como Borderlands 2 e Skyrim rodam bem com esses chips, com imagens em alta definição e com grande nível de detalhamento.
A Lei de Moore, Gordon Moore
A própria Intel tem respostas mais diretas sobre a queda de vendas dos computadores pessoais. Ao chegar ao limite do uso de energia no processador, uma condição crítica em que o aquecimento dos transistores começa a danificar a performance do chip, a empresa estabeleceu uma nova condição de fabricação dos processadores e fez cair por terra a teoria de seu famoso CEO Gordon Moore – de que o número de transistores e circuitos integrados dobraria a cada dois anos.
Em 1965, Moore publicou um artigo prevendo os avanços na tecnologia de hardwares e como os componentes computacionais evoluiriam nos próximos anos. A Lei de Moore, como é conhecida, fundamentou toda a indústria por décadas, muito além da previsão inicial do então executivo. Em 2005, quando a Intel revelou a questão de aquecimento devido ao gasto energético de processamento, Moore afirmou que a sua lei não poderia continuar para sempre, pois há um limite para o crescimento exponencial sem que ocorra um desastre e só é possível diminuir os componentes até um certo tamanho.
Para os cientistas técnicos, é esse limite do processamento computacional o principal fator da queda de vendas dos computadores pessoais, “talvez até mais do que a expansão do mercado de tablets”, disse o analista da área Linley Gwennap para a revista PC World. O argumento final desse especialista é determinante: afinal, por que trocar o seu PC de dois ou três anos de idade se você não vai perceber um ganho real de velocidade e processamento? É exatamente assim que o mercado está respondendo ao produto, com as vendas estagnadas dos computadores pessoais.
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