O sistema eleitoral norte-americano tem suas particularidades, bem diferente do que estamos acostumados no Brasil. Os Estados Unidos são conhecidos por votarem com cédulas de papel, mas os norte-americanos também utilizam o DRE, um tipo de "primo" da urna eletrônica para contabilizar os votos.
Se você achou que os vizinhos americanos contavam milhões de papéis com o nome dos candidatos à mão, não é bem assim. Os EUA desenvolveram algumas soluções nas últimas décadas, como o DRE e o sistema de escaneamento óptico para facilitar na contagem e apuração dos votos nas eleições.
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Como cada Estado ou distrito americano tem certa autonomia para organizar a votação, o país não segue um único padrão. Por causa disso, as tecnologias podem variar bastante, tornando o entendimento complexo até mesmo para quem vive por lá.
Configuração mais antiga da eleição nos EUA consistia em apenas marcar o candidato no papel e realizar a apuração manualmente.Fonte: GettyImages
Antes de tudo, é importante esclarecer que a votação por papel existe até hoje, mas a contabilização dos votos manualmente por fiscais é uma prática extremamente rara. Com cerca de 330 milhões de habitantes distribuídos por 50 estados, é impossível conferir papel por papel em tempo hábil.
DRE: a “urna” dos americanos
Os EUA já tiveram diversas formas oficiais de voto, mas o DRE (Direct Recording Electronic) é o que mais se aproxima do Brasil. Também chamado de votação eletrônica, esses dispositivos assumem diferentes formas e podem ser parecidos com um caixa eletrônico dos bancos.
Esse DRE não segue um padrão, e dependendo do local, pode funcionar por meio de uma tela touchscreen, um grande controle remoto ou por meio de discagem. Os dispositivos também contêm fones de ouvido para auxiliar pessoas com algum tipo de dificuldade.
DRE com tela touchscreen tem se tornado mais comum com o avanço da tecnologia.Fonte: Verified Voting/Reprodução
Os DREs foram introduzidos ao público a partir da década de 1970 para substituir máquinas de votação com sistema de alavanca mecânica, onde literalmente os votantes utilizavam uma alavanca para escolher o candidato. Assim, o DRE é basicamente um dispositivo eletrônico, ou computador, responsável pelo armazenamento dos votos por meio de cartões de memória, disquetes, etc.
Nas versões mais modernas desses aparelhos, o usuário seleciona o candidato desejado por meio de uma tela e pode optar por receber uma cédula de papel como ato comprobatório do processo. Chamado de VVPAT (Voter Verified Paper Audit Trail) esse papel possibilita às pessoas confirmarem que máquina computou o voto corretamente, e ainda serve como uma segunda via em casos de auditoria eleitoral ou recontagem dos votos.
O DRE é seguro?
Por ser um tipo de computador, o DRE gera muitos debates a respeito de sua segurança. Essas máquinas não são conectadas a redes Wi-Fi, Bluetooth, rádio ou qualquer forma de conexão sem fio, ou seja, é bem complexa de ser hackeada.
Para ter acesso aos dados, seria preciso inserir fisicamente algum dispositivo na máquina para só então tentar descobrir informações ou fraudar resultados. No entanto, assim como no Brasil, as máquinas são protegidas por profissionais para evitar qualquer acesso externo indevido aos dispositivos.
Ao contrário do Brasil, diversas empresas criam dispositivos de votação.Fonte: Verified Voting/Reprodução
Todas as máquinas são testadas e guardadas em locais seguros, para impedir qualquer tipo de fraude ou manipulação de resultados. Ainda assim, como qualquer dispositivo mecânico ou eletrônico, o DRE pode apresentar alguma falha interna que gere erros ou inconsistências.
Votação por escâner é a mais usada
Apesar do DRE ser bem popular, esse método de votação vem perdendo espaço nas últimas eleições, principalmente pelo receio a respeito de sua segurança. Por conta disso, a tecnologia de votação mais usada nas últimas décadas é a de escaneamento óptico.
Nessa modalidade, os votantes preenchem um papel com o candidato desejado ou realizam isso de forma eletrônica em aparelhos chamados de Ballot Marking Devices. Esses dispositivos podem lembrar uma urna ou o DRE, mas diferente deste último, o voto é apenas impresso em um papel e não fica registrado na memória interna da máquina.
Pesquisas indicam que as eleições para presidente de 2020 utilizam escâneres ópticos em quase 80% da apuração dos votos, contra 20% do DRE.Fonte: MIT
Ao preencher a cédula com o candidato escolhido, os próprios votantes podem utilizar uma máquina de escanear que irá computar o voto. Em seções eleitorais muito cheias ou grandes demais, as cédulas são depositadas em uma urna e a apuração dos votos é feita posteriormente em uma unidade eleitoral, seja passando individualmente pelos escâneres, seja por meio de lotes em alta velocidade.
Outros métodos
Além do DRE e o escaneamento óptico, os Estados Unidos já utilizaram outros métodos populares para a contagem de votos nas eleições. Um deles é o próprio Ballot Marking Devices, introduzido em 2002 a partir de uma grande polêmica nas eleições de 2002 entre Bush e Al Gore, que pediu a recontagem de votos e teve o processo interrompido, decretando a vitória de George W. Bush.
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Apesar de muito conhecida, a contagem manual de votos não é tão utilizada.Fonte: GettyImages
No passado, as pessoas utilizam um sistema de alavancas para votar nos usuários, enquanto recentemente alguns estados adquiriram sistemas eletrônicos que permitem a votação a partir de tablets, que imprimem uma espécie de recibo confirmando o voto. Também é possível realizar a clássica votação pelo sistema de correios.
Fontes