A inovação é um dos principais motores do crescimento econômico de um país. Não é à toa que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento são comumente usados como parâmetro para medir a capacidade das nações de impulsionarem seus setores produtivos.
Neste ponto, o Brasil ainda tem muito a avançar. Embora seja a 10ª economia do mundo, o país ocupa a 50ª posição no Índice Global de Inovação, principal ranking em âmbito mundial sobre o assunto. O levantamento, que considera 133 países, é divulgado anualmente pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual. Os resultados de 2024 foram publicados agora em setembro.
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A posição brasileira indica um potencial inexplorado, ainda que o Brasil esteja à frente no ranking, quando consideradas as economias da América Latina e do Caribe, e o resultado deste ano seja historicamente um dos melhores desde 2011. É preciso muito mais esforço do que o país tem feito para impulsionar a ciência, a tecnologia e a inovação. Atualmente, o Brasil investe cerca de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor e precisaria aportar pelo menos outros R$ 43,6 bilhões para atingir a taxa de 1,6% do PIB, proporção gasta por países como a Espanha e a Itália, por exemplo, segundo dados da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp.
Neste cenário, o papel do setor privado é essencial. Em 2022, as empresas industriais inovadoras com 100 ou mais pessoas ocupadas investiram R$ 36,9 bilhões em atividades de pesquisa e desenvolvimento, segundo a Pesquisa de Inovação Semestral 2022, divulgada este ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor de telecomunicações, em parceria com o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional (Conif) e a Confederação Nacional da Tecnologia da Informação e Comunicação (ConTIC), incentiva a inovação por meio do Prêmio Inova, que valoriza projetos de extensão e pesquisa desenvolvidos por alunos e docentes da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
O Prêmio Inova acontece dentro do Painel Telebrasil, principal evento de telecomunicações do país, que completa 50 anos em 2024. Nesta edição, prevista para ocorrer nos dias 5 e 6 de novembro, em Brasília, professores e estudantes classificados terão a oportunidade de apresentar seus projetos para autoridades e lideranças empresariais dos setores de inovação e telecomunicações — um momento importante de conexão entre docentes e alunos da rede pública de pesquisa com empresários, ou seja, um espaço de interação entre a academia e o setor produtivo.
Na edição deste ano, serão premiados projetos nas áreas de saúde, agronegócios e gestão inovadora que contribuam com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Os projetos classificados na área de saúde foram desenvolvidos em Pernambuco, no Acre e no Rio Grande do Sul; enquanto os de agronegócios nasceram no Ceará e no Mato Grosso. São propostas relacionadas ao combate a pragas, eficiência operacional e controle da cadeia produtiva. Já os projetos voltados para melhorar a gestão pública vêm de São Paulo, Santa Catarina e Brasília.
Ao apoiar o desenvolvimento de pesquisas inéditas em todo o país e apresentá-las às principais lideranças do ecossistema de telecomunicações, facilitando a interlocução entre pesquisadores e empresários, o Painel Telebrasil cria um ambiente favorável à inovação, contribuindo para melhorar os indicadores brasileiros. Afinal, um Brasil competitivo depende de investimento em conhecimento, sendo a ciência e a inovação caminhos para a retomada do desenvolvimento e do crescimento econômico.
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Presidente-Executivo da Conexis Brasil Digital e da Confederação Nacional de Tecnologia de Informação e Comunicação, Marcos Ferrari é doutor em economia, pelo Instituto de Economia Industrial da UFRJ, e foi diretor de Infraestrutura e Governo do BNDES. Foi também secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento, de 2016 a 2018, e anteriormente chefe da Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento e secretário adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Exerceu o papel de presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo.
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