A produtora norte-americana Alcon Entertainment abriu nesta segunda-feira (21) uma ação judicial contra a montadora Tesla e o bilionário Elon Musk. Ela acusa a companhia de infração de direitos autorais contra o filme de ficção científica Blade Runner 2049.
O processo envolve também a Warner Bros. Discovery, que cedeu o espaço para a realização do evento We, Robot. A conferência marcou a revelação dos veículos Cybercab e Robovan, além de uma nova demonstração dos robôs humanoides Optimus.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo
De acordo com a documentação, a Tesla e a Warner teriam feito um pedido formal para usar imagens do filme "poucas horas antes" da conferência. A Alcon não cedeu os direitos, mas notou a presença de várias imagens muito próximas aos cenários do filme durante a apresentação.
Uma cena de Blade Runner 2049 (acima) e um dos painéis modificados por IA da Tesla. (Imagem: Warner Bros. e Tesla/Reprodução)Fonte: Warner Bros./Tesla
Segundo a produtora, a Tesla usou inteligência artificial (IA) para modificá-las, mas ainda tornando possível a clara associação com o filme.
A Warner Bros. até possui direitos de distribuição internacional de Blade Runner 2049, mas não o suficiente para referências ou uma afiliação promocional com o Cybercab, como aconteceu no evento. O próprio Musk citou o filme original de 1982 dirigido por Ridley Scott como uma referência ao falar sobre a sociedade no futuro.
Fora o processo, o diretor do filme Eu, Robô também acusou Musk de "roubar" alguns dos visuais do filme — inclusive a aparência dos humanoides da produção estrelada por Will Smith.
Visões políticas de Musk também são um problema
Além de não ter dado autorização para uso das imagens futuristas com um clima desértico e até negado o pedido atrasado feito pela marca, a Alcon alega que não quer se associar com Musk comercialmente. O motivo citado é o comportamento político do empresário, que estaria cada vez mais evidente e voltado para públicos extremistas.
"Qualquer marca com prudência que considere uma parceria com a Tesla precisa levar em consideração o comportamento massivamente amplificado, altamente politizado, inconstante e arbitrário de Musk, que algumas vezes desvia-se para discurso de ódio", diz o texto do processo.
Musk durante comício recente de Trump nos EUA. (Imagem: Getty Images)Fonte: GettyImages
A Alcon ainda não especificou se pedirá algum tipo de indenização pela infração citada no processo. A Tesla não se manifestou sobre o caso até o momento e nenhuma data para audiência foi estabelecida até o momento.
- Leia também: Musk promete US$ 1 milhão para eleitores de Trump e especialistas avaliam suposta compra de votos
O evento da Tesla segue reverberando de forma controversa. Além de não ter empolgado os investidores pela falta de detalhes concretos sobre os lançamentos, materiais da festa realizada após a apresentação reforçam que os robôs Optimus eram bem menos autônomos do que o prometido pelo empresário e, na verdade, contavam com humanos nos bastidores auxiliando no seu funcionamento.
A própria companhia tem sido pressionada após apagar um texto em que prometia veículos 100% autônomos e pelo envolvimento cada vez maior em acidentes nos Estados Unidos.
Fontes