O empresário Elon Musk prometeu prêmios em dinheiro para norte-americanos engajados com a campanha presidencial de Donald Trump. O bilionário, responsável por marcas como Tesla e o X (antigo Twitter), está cada vez mais presente em comícios do candidato.
Em um evento no último sábado (19), Musk anunciou o sorteio de US$ 1 milhão (mais de R$ 5,5 milhões em conversão direta de moeda) a qualquer pessoa que assinar uma petição de um projeto financiado por ele e que apoia a candidatura de Trump.
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O único pré-requisito para assinar o documento é ser um eleitor registrado no país. Os sorteios acontecerão em cidades dos chamados swing states, que são estados "pendulares" em que tanto democratas quanto republicanos ainda têm chance de ganhar — e cuja vitória pode significar vencer a eleição como um todo.
Musk anima a plateia durante uma das falas de Trump em comício. (Imagem: Getty Images)Fonte: GettyImages
Dois prêmios já foram entregues por ele em comícios de Trump. A promessa é de que US$ 1 milhão seja distribuído diariamente até a data da votação em estados como Georgia, Nevada e Arizona.
Musk é atualmente a pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna avaliada em cerca de US$ 247 bilhões (R$ 1,4 trilhão).
Ele já financiou do próprio bolso a campanha de Trump em ao menos US$ 75 milhões (R$ 429 bilhões) a partir de um super PAC, um comitê que teoricamente não está ligado diretamente a um candidato, mas pode fazer campanha de forma independente por ele.
Especialistas jurídicos avaliam possível crime
Após o anúncio de Musk, foram muitas as críticas inclusive de represetantes do partido Democrata sobre um possível crime eleitoral por parte do bilionário, que estaria tentando "comprar" eleitores. A CNN consultou pesquisadores sobre o assunto e há de fato a possibilidade de que isso seja considerado ilegal.
De acordo com Derek Muller, especialista em política eleitoral dos EUA e professor na Notre Dame Law School, o problema está em reduzir o sorteio a estados de indecisos e para quem pode votar ou ainda não é registrado — o voto nos EUA é facultativo e envolve um cadastro prévio.
"Quando você começa a limitar prêmios ou sorteios só para eleitores registrados ou quem votou, aí é que a preocupação sobre suborno aumenta. (...) Parece que você está dando dinheiro para que as pessoas se cadastrem para votar", diz o jurista.
Para David Becker, que trabalhou no Departamento de Justiça com casos eleitorais, o sorteio é "legalmente problemático" e o comportamento de Musk é condenável, mesmo que ele não seja acionado judicialmente mais tarde pela ação.