Comemorado nesta terça-feira (15), o Dia do Consumo Consciente objetiva alertar o público em relação aos problemas socioambentais causados pelo padrão atual de exagero de consumo. Neste sentido, uma prática sustentável que vem ganhando força e se tornando uma tendência mundial é a do re-commerce.
O modelo, também conhecido como “reverse commerce”, se refere à compra e venda de produtos usados, recondicionados, com pequenas avarias ou ponta de estoque, pela internet. Isso resulta em preços mais acessíveis para os clientes, evita prejuízos com descartes para os lojistas e na redução de impactos no meio ambiente.
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A prática é uma das alternativas para produtos devolvidos nas compras online.Fonte: Getty Images/Reprodução
Dados da GlobalData indicam que a venda online de produtos de segunda mão cresceu 15 vezes mais do que o varejo comum na categoria de roupas em 2023. Segundo o mesmo levantamento, mais da metade da geração Z (51%) e dos millennials (55%) dá preferência aos itens usados ou recondicionados pela internet em detrimento às lojas físicas.
A prática também está em alta no mercado nacional, com 30% dos participantes de uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em 2023, relatando ter comprado algum produto de segunda mão na internet nos últimos 12 meses. Celulares, eletrônicos, livros, eletrodomésticos, roupas e calçados foram os itens mais citados.
Impulsionando o re-commerce no Brasil
As roupas são um dos produtos de maior sucesso no re-commerce.Fonte: Getty Images/Reprodução
Trabalhando com a oferta de soluções para revenda de produtos usados e devolvidos, a startup Loopify recebeu aporte de R$ 4 milhões, recentemente, para impulsionar o comércio reverso no Brasil. A empresa atende marcas interessadas em investir neste mercado, ajudando-as a criar plataformas online voltadas ao formato.
O Trade-In é um dos pilares no qual a startup se baseia, com a venda e a revenda podendo transformar os itens em créditos para novas compras. O outro é o Reversa, em que produtos devolvidos, itens com avarias mínimas, peças de mostruário e outlet têm um canal de venda dedicado e processo de triagem profissional.
De acordo com o cofundador da Loopify, Gabriel Novais, este mercado vem se tornando uma das fontes de receita mais promissoras para as marcas. Além disso, oferece uma alternativa para que elas lidem com as devoluções, que somam 25% das transações e não podem ser revendidas como novas.
“Elas conseguem dar uma nova história para itens de grande qualidade, o preço é mais baixo, toda a jornada de compra é alinhada às melhores práticas de sustentabilidade e atende a uma demanda gigantesca de um público específico, que ainda carece de confiança e curadoria consciente”, destacou Novais.
Marcas que aderiram à tendência
A Amazon é uma das gigantes que estão apostando na tendência.Fonte: Amazon/Reprodução
De olho em um mercado que pode atingir US$ 351 bilhões até 2028, globalmente, superando a previsão para o e-commerce em três vezes, várias empresas brasileiras estão aderindo ao comércio reverso. A Trocafone é uma delas, atuando na venda de celulares recondicionados, tablets, smartwatches e produtos de informática.
Outras marcas tradicionais no segmento são a OLX e o Mercado Livre, que trabalham com itens seminovos de diversas categorias. Já o Amazon Quase Novo é um serviço lançado pela Amazon em 2023, ofertando produtos usados, reembalados e de caixa aberta com preços acessíveis.
Quem também está apostando na tendência é o KaBuM!, que este ano anunciou sua primeira loja física, em São Paulo (SP), voltada para o re-commerce. A OpenBox comercializa mais de 1,2 mil produtos seminovos ou reembalados como smartphones, notebooks, placas de vídeo e outros itens de hardware.
Bayard Replay, que faz o comércio reverso de artigos esportivos, Garmin na categoria de aventura e NTK recondicionando barracas de dormir e fogareiros são algumas das outras iniciativas no segmento.
O re-commerce na prática
Os preços no comércio reverso são mais acessíveis.Fonte: Trocafone/Reprodução
O preço mais em conta é uma das vantagens do comércio reverso, como comentado anteriormente. Para mostrar isso na prática, comparamos os preços do iPhone 15 e do PS5 Slim no comércio eletrônico convencional e em plataformas que adotaram o re-commerce.
Na loja oficial da Apple, o iPhone 15 padrão tem preço sugerido a partir de R$ 6.499, valor que cai para R$ 4.800, em média, no varejo. Já no re-commerce, a mesma versão do celular lançado em 2023, recondicionada, sai por R$ 3.695,12 no Trocafone, R$ 3.700 na OLX e R$ 4.400 no Mercado Livre, no modelo de 128 GB.
Por sua vez, o PS5 Slim novo possui um preço médio de R$ 3.700 na rede varejista, mas pode ser encontrado por R$ 3.099 no Mercado Livre e R$ 3.199 na OLX, em versões seminovas ou recondicionadas. Os preços dos dois produtos foram consultados no dia 14 de outubro de 2024.
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