O paradoxo da IA: inova, mas não garante inovação

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Equipe TecMundo

Por Rafael Ataide*

Aplicar a inteligência artificial nos negócios pode parecer lugar-comum atualmente. Quem não quer fazer uso de algum recurso de IA depois do boom do ChatGPT? No mínimo, alguns profissionais e empreendedores passaram a experimentar.

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O que é ótimo! O mercado inteiro precisa acompanhar a tecnologia. O problema é que fazer isso sem estratégia leva muitas empresas a se dividirem em dois caminhos: um em que não é possível investir o suficiente nas mudanças que seriam úteis, e outro em que é possível, mas a adoção da IA por si só não transforma o negócio.

No primeiro caso, é uma questão de acesso. Pequenos negócios não conseguem contratar os mesmos profissionais ou as mesmas ferramentas que as grandes empresas. Naturalmente, é um desafio, especialmente dentro de segmentos em que a tecnologia faz muita diferença nas atividades, como no marketing. Nessas situações, os empreendedores devem planejar bem o que dá ou não para fazer, mesmo que seja apenas usar recursos gratuitos a princípio.

É preciso entender as limitações das aplicações nesse contexto e adaptar os processos de acordo. Se a versão grátis do ChatGPT, por exemplo, pode auxiliar com uma só tarefa, não adianta esperar que os colaboradores façam milagres para atingir expectativas irreais. Da mesma forma, não há razão para abandonar a ideia completamente, também. É só uma tarefa? Tudo bem, mas é um avanço. Não vai transformar a empresa por inteiro, mas vai ajudar.

O que me leva ao segundo caso. Quando a IA é utilizada, inclusive a partir de recursos pagos e complexos, isso não significa necessariamente que o negócio é, agora, um serviço de inteligência artificial. Esse é um erro que pode confundir tanto o planejamento empresarial quanto os clientes e até investidores. Você pode ter a tecnologia embutida em um produto ou em seus processos, mas para ser uma empresa de tecnologia é preciso que esse seja o foco. Ou seja, com equipe dedicada, pesquisa, desenvolvimento e infraestrutura especializada.

É assim que a IA, até o momento, ainda se encontra em uma bolha. Por um lado, quem não tem acesso às maiores ferramentas do mercado acaba subutilizando e subentendendo outras possibilidades. Por outro, algumas empresas se posicionam como inovadoras exclusivamente por utilizarem esses recursos, sem perceber que esse não é o resultado automático da IA. Ela é a inovação — o que nós estamos fazendo é nos adaptar.

Acredito que, com o tempo, essas divergências serão mais facilmente resolvidas. Vivemos um momento de transição, no qual a evolução tecnológica está mais acelerada do que as pessoas conseguem abraçá-las. Precisamos observar os próximos passos do mercado, no Brasil e no mundo, ou então criarmos nossas próprias soluções. Isso, sim, é inovar de verdade.

De um jeito ou de outro, a IA precisa ser considerada e implementada dentro do que faz sentido para cada situação. Esperar só vai deixar o negócio para trás. O importante é entender o que essa mudança significa para a empresa e realmente começar a ver a inteligência artificial em todas as suas complexidades e oportunidades.

*Com experiência em ciência de dados e inteligência artificial, Rafael Ataide já passou pela gestão de e-commerces, estratégias de CRM e implementação de algoritmos de machine learning em empresas multinacionais. Hoje está à frente do Hub de Data & Tech da Adtail como diretor, promovendo constantes inovações e processos para facilitar o dia a dia da operação e do cliente.

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