Retrospectiva 2023: tecnologia, negócios, carreira e mais!

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Chegamos ao final de 2023, e é hora de fazermos uma retrospectiva by The BRIEF sobre este ano que se firmou como o primeiro pós-pandêmico O cenário não foi dos melhores: rolou expectativa de incerteza, crise em alguns setores, demissões, freio em investimentos e até pedidos de recuperação de algumas empresas. 

A inteligência artificial foi a expressão de 2023 e isso se deve não só por causa do lançamento do ChatGPT e DALL-E, IAs generativas da OpenAI, em 2022, mas pelo enorme investimento e hype da Microsoft sobre essa startup. 

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O setor de tecnologia, porém, não viveu só de IA; outras coisas relevantes aconteceram no universo dos negócios, carreira e comportamento. Sem enrolação, listamos aqui embaixo! 

O ano da inteligência artificial 

O hype em torno da inteligência artificial teve o investimento de USD 10 bilhões da Microsoft na OpenAI lá no final de janeiro. Pouco tempo depois, a big tech anunciou que as soluções de IA da startup cofundada por Sam Altman seriam integradas a vários produtos Microsoft, como chatbot do Bing e Copilot. 

Esse avanço na parceria entre as duas empresas marcaria o início da corrida pelas IAs, especificamente as generativas. Isso porque a Google e Meta já trabalhavam em pesquisas e desenvolvimento experimental de ferramentas baseadas nessa abordagem, com publicações de resultados avançados no ano passado. 

  • Porém, diante dos perigos éticos e vieses da tecnologia, essas empresas preferiam aprimorá-las e oferecê-las apenas em testes restritos.

As promessas de que as IAs iriam transformar diversas áreas, pressões de investidores e divulgação pesada da Microsoft sobre a solução levaram a Google a acelerar o lançamento do chatbot Bard e do Gemini, modelo de linguagem grande (LLM) por trás desse chatbot. 

Apple Vision ProA Apple nadou contra a corrente da IA e lançou seu óculos de realidade mista: Apple Vision ProFonte: Apple/Reprodução

 Lançamento do Apple Vision Pro 

Nadando contra a corrente da Google e Microsoft, a Apple anunciou em junho os óculos de realidade mista Apple Vision Pro. O aparelho rodava nas notícias mundiais há um tempo, sob a promessa de ser um “game changer” não só para a Maçã, mas também para o CEO da empresa, Tim Cook, desde a partida de Steve Jobs. 

O headset será lançado em 2024 pelo preço salgado de US$ 3.499. E quais seriam os seus diferenciais? O visor transparente, que deixam visíveis os olhos dos usuários, interface tridimensional, além da ausência de um controle físico. Isso porque os comandos podem ser feitos por voz, olhos e gestos. 

No fim, o valor alto combinado a um aparelho de dimensões grandes não animou tanto assim o público e a mídia especializada. Há boatos de que a Apple até lance uma versão mais em conta dos óculos. 

“Fim” do Twitter 

A compra do Twitter em 2022 por Elon Musk foi marcada por polêmicas e a promessa de tornar a então rede do passarinho em um espaço de "liberdade de expressão". Mas o que talvez ninguém esperasse é que o bilionário fosse mudar também a identidade visual e nome da plataforma para X – para a revolta de vários tuiteiros de plantão. 

Isso aconteceu em julho de 2023, depois de altas insinuações de Musk sobre a mudança. E não parou: o algoritmo do microblog ficou diferente, o que diminuiu a visualização de posts de usuários seguidos e ampliou o alcance de contas populares e pagantes do plano X Premium+. 

  • No meio desses rolês, Elon deixou de ser o CEO da X Corp., empresa dona do X, cuja cadeira passou a ser ocupada por Linda Yaccarino, ex-presidente de vendas de publicidade da NBCUniversal. 

A ideia de Elon de tornar o X uma espécie de superapp (ou “app de tudo”) também ficou mais evidente neste ano: há uma nova aba de busca de empregos, a X Jobs Search. Ou seja, o plano é se tornar uma rival do LinkedIn

Musk ainda anunciou a X.AI, divisão com foco em IA que deve ser integrada ao X/Twitter, e lançou a IA chamada Grok para usuários pagantes do plano premium.  

Apesar das tentativas de aumentar a receita, a rede social perdeu vários anunciantes recentemente depois de empresas, como Apple, IBM e Disney, terem anúncios exibidos ao lado de conteúdo antissemita. 

 Do top ao flop: o lançamento do Threads 

De olho nas escorregadas de Elon Musk, Mark Zuckerberg deu um jeito de apressar o lançamento do Threads, sua rede social para bater de frente com o X/Twitter. A novidade foi estrondosa: em apenas 7h, o app ganhou 10 milhões de inscritos, um recorde da internet. 

No entanto, a demora em incluir recursos importantes do rival, como top trends, mensagens privadas e hashtags fez com que as pessoas também se cansassem rápido da plataforma (perda de 80% da base em apenas um mês).  

Luciano Huck ThreadsAlém da falta de recursos do Twitter, tuiteiros não curtiram a pegada otimista do Threads, como deste post do Luciano Huck.

Fora que a proliferação de posts otimistas demais ou similares aos de outras redes – como Facebook e Instagram – desanimaram a nação tuiteira que tem característica e humor muito específico. 

Demissões em massa

É impossível falarmos de carreira em 2023 sem citar as demissões em massa no ramo de tecnologia, ecossistema de startups e varejo que rolaram no Brasil e no mundo. Segundo dados compilados pela plataforma Layoffs.fyi, cerca de 260.238 pessoas perderam o emprego no mundo até o momento desta edição. 

O pico dos desligamentos rolou em janeiro, com grandes efeitos no Brasil. Em março, ainda sob esses passaralhos, fizemos uma matéria especial, que revelava que mulheres, pessoas negras e profissionais LGBTQIAP+ foram os mais afetados. 

Por aqui, o Layoffs Brasil, plataforma que levanta as demissões em massa dos setores citados, levantou mais de 600 desligamentos somente na primeira semana de dezembro de 2023. 

As empresas defendem que os cortes vêm basicamente de uma recuperação lenta da economia no pós-pandemia e preocupação de essa crise se esticar por mais tempo. 

 Home office perdeu força, mas não acabou 

Embora um volume considerável de empresas continue no modelo híbrido, em 2023 ficou evidente uma forte pressão pelo retorno ao 100% presencial. Um relatório recente da WeWork Latam, por exemplo, indica que o volume de trabalhadores na América Latina que atua no híbrido caiu de 78%, no ano passado, para 64%. 

O home office representou 18% da fatia de 10 mil participantes da pesquisa, que incluiu profissionais brasileiros. Porém, vimos ganhar destaque a tendência de global workers, profissionais que trabalham para empresas estrangeiras sem sair do Brasil. 

Esse é um indicativo de que o formato totalmente remoto não vai desaparecer – como se diz por aí –, mas deve se adequar a realidades de empresas desapegadas de limites territoriais e que buscam reter talentos tops. 

Derrubada no volume de aportes 

O ecossistema de startups brasileiro sofreu para receber aportes em 2023: de acordo com dados da Distrito, no primeiro semestre, a queda do valor investido foi de 51,4% em relação ao mesmo de 2022 — foram 199 rodadas e US$ 778, 1 milhões levantados. 

As fintechs se destacaram, com US$ 185,9 milhões, seguidas das energytechs, com US$ 149,2 milhões recebidos. O cenário global exibiu movimento similar, conforme mostra o gráfico a seguir da plataforma Crunchbase. 

Gráfico aportes VCO ano de 2023 exibiu queda global em aportes de venture capital no mundo.Fonte: Crunchbase/Reprodução

 Foi de Americanas 

O caso Americanas ganhou notoriedade no Brasil logo no começo do ano, quando a varejista apontou inconsistências financeiras” de “apenas” R$ 43 bilhões em seus demonstrativos financeiros. Cerca de uma semana depois, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial.

  • A crise inclusive se espalhou para o seu alto escalão: o então presidente da companhia, Sérgio Rial, e o diretor de relações com investidores, André Cobre deixaram seus respectivos cargos. 

O balanço de 2022, que tinha sido suspenso depois da divulgação do rombo, só rolou em novembro de 2023 e exibiu prejuízo acumulado de R$ 12,9 bilhões (o dobro do ano anterior). Seu patrimônio líquido negativo chegou a R$ 26,7 bilhões no período. 

 WeWork pediu recuperação 

O último balanço da WeWork, startup novaiorquina de espaços de coworking, serviu de oportunidade para o seu pedido de recuperação judicial. A crise era esperada, após uma coleção de prejuízos exibidos pela empresa ao longo dos anos. 

Polêmicas de seu ex-CEO, Adam Neumann, e análises financeiras vazadas – que mostraram a impossibilidade de o negócio gerar grana – pavimentaram esse caminho. Um baita contraste para a startup que chegou a ser a mais valiosa dos EUA, com valor de US$ 47 bilhões. 

Treta na OpenAI 

Uma das maiores fofocas do universo Tec foi proporcionada pela OpenAI em novembro, com desdobramentos dignos da série Silicon Valley. O CEO e cofundador da empresa, Sam Altman, tinha sido demitido sem mais nem menos pelo conselho diretivo da empresa.  

O rolo envolveu pressão da Microsoft para Altman retornar ao cargo, o que de início não funcionou, pois Mira Murati, chefe de tecnologia da firma, foi anunciada como CEO interina. A moça mal se sentou na cadeira e foi trocada por outro nome: Emmett Shear, ex-CEO da Twitch. 

Sam AltmanSam Altman, CEO e cofundador da OpenAI, demonstrou uma baita habilidade de ser adorado por seus funcionários

 Enquanto isso, 700 funcionários da OpenAI fizeram uma carta ameaçando pedir demissão, caso Sam não voltasse (isso que é respeito!). Não demorou muito para ele ser anunciado como CEO de uma subsidiária de IA da Microsoft. 

Poucos dias depois de seu desligamento (tudo aconteceu entre 17 e 22 de novembro), Altman retornou ao cargo de CEO da OpenAI. De acordo documentos obtidos pela Reuters, ele teria sido cortado por conta de potenciais problemas de segurança no projeto Q* (ou Q-Star), que seria um avanço da startup no desenvolvimento de uma inteligência artificial geral (AGI). 

 COP28 e a redução dos combustíveis fósseis

Fechamos 2023 com o balanço da cúpula da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), realizado em Dubai, nos Emirados Árabes. O documento de acordo, que envolveu 195 países, foi concluído em meio a polêmicas e algumas comemorações. 

Pela primeira vez, o texto mencionou a necessidade de reduzir o uso de combustíveis fósseis, porém não deixou clara a necessidade de eliminar 100% esses recursos e quais os caminhos deveriam ser seguidos para alcançar algumas das metas. 

Um forte lobby da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), composta por um grupo de produtores de petróleo da Arábia Saudita, ganhou espaço na cúpula e teve influência na decisão final “moderada”.  É contradição ou não é?

É isso aí, galera, ano que vem tem mais e esperamos que com notícias mais positivas. 

*Este é um conteúdo exclusivo The BRIEF para meu irmão TecMundo. Somos uma newsletter de tecnologia, negócios e comportamento com atuação desde 2017 (ou quando isso tudo era mato). Curtiu? Assine aí! 

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