Um dos maiores desafios enfrentados atualmente pelas empresas de tecnologia — o de conciliar a crescente demanda por serviços de data center com a urgência de reduzir a pegada de carbono — recebeu um novo tipo de solução no mês passado: a energia geotérmica. A tecnologia dispensa as fontes naturais, e aproveita o calor do fundo da Terra em qualquer lugar do mundo.
Esse modelo inédito de operação geotérmica foi implantado em um projeto piloto no deserto de Nevada, nos EUA, pela startup Fervo. Chamado de Projeto Red, o empreendimento começou a mandar elétrons para uma rede local que atende data centers do Google. A ideia é que esses centros de processamento de dados operem com energia verde no sistema 24/7.
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Ainda em seus estágios iniciais, o Projeto Red produz, por enquanto, entre dois e três megawatts de energia, o suficiente para abastecer alguns milhares de casas, mas é um protótipo da nova abordagem que consegue bombear água quente para alimentar turbinas mesmo em locais sem fontes termais e gêiseres.
Como funciona a nova tecnologia EGS?
O chamado ciclo binário converte calor diretamente em eletricidade.Fonte: Fervo Energy
Não é novidade para ninguém que rochas quentes existem em qualquer lugar do mundo. Basta cavar alguns quilômetros que logo as temperaturas se elevam em dezenas de graus. Mas as atuais usinas geotérmicas exploram apenas uma parte dessa energia, porque só se instalam em locais onde a água já está naturalmente aquecida.
O sistema geotérmico aperfeiçoado (EGS no acrônimo em inglês) usa técnicas de “fracking” (fraturação hidráulica) para cavar uma rocha totalmente seca e quente e criar ali uma fonte termal artificial, bombeando água que sobe à superfície muito mais quente.
Usando a técnica, a Fervo perfurou dois poços com mais de dois quilômetros de profundidade cada, e os uniu, produzindo rachaduras na rocha que conectava os dois furos. A água entra fria por um poço e sai fervendo pelo outro, a uma temperatura alta o suficiente para acionar turbinas e gerar energia.
Usando a energia geotérmica para rodar data centers verdes
A usina geotérmica em Nevada ainda é insuficiente para um data center do Google.Fonte: Fervo Energy
Embora a energia eólica e solar alimentem atualmente extensas áreas da computação em nuvem, elas nem sempre estão 100% disponíveis. Por isso, a energia geotérmica poderia ajudar o Google no seu objetivo de garantir, até 2030, energia limpa 24 horas nas redes locais onde seus data centers estão localizados.
Falando ao Wired.com, o diretor sênior de clima e energia do Google, Michael Terrell, explica que, com sua produção de apenas alguns megawatts, a nova usina geotérmica de Nevada ainda está longe de fornecer as centenas de megawatts demandadas por um data center típico.
No entanto, a empresa continuará apostando na energia geotérmica, pois este é o primeiro conjunto de tecnologias "que realmente está disponível atualmente, fornecendo elétrons”.
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