Em 30 de novembro de 2022, a OpenAI disponibilizava ao público de forma gratuita a plataforma de inteligência artificial ChatGPT. Em semanas, ele virou uma das ferramentas digitais mais comentadas dentro e fora da indústria da tecnologia.
O chatbot capaz de conversar e gerar conteúdos em texto foi recebido com um misto de euforia e preocupação. Ele virou sinônimo da revolução da inteligência artificial (IA), passou a ser usado por profissionais de várias áreas e está cada vez mais complexo, capaz até de lidar com imagens e códigos de programação.
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A seguir, preparamos um apanhado com os principais acontecimentos desse aniversário de um ano do ChatGPT, que foi tão turbulento quanto animador.
Nasce um fenômeno: o ChatGPT
O ChatGPT é uma ferramenta de processamento de linguagem natural com IA. A sigla do nome é de "Generativo Pré-treinado Transformador", características do seu modelo de linguagem.
Na prática, isso significa que ele é um serviço digital alimentado com textos da internet, livros e sites inteiros, treinado para criar textos parecidos com conteúdos escritos por humanos. Isso é feito a partir do comando de um usuário, geralmente em forma de frases em texto.
O ChatGPT.Fonte: GettyImages
A responsável pelo serviço é a OpenAI, que nasceu como um laboratório sem fins lucrativos em 2015, mas abriu uma unidade empresarial em 2019. Nesse período, ela já desenvolvia versões anteriores do modelo de linguagem GPT, disponível somente para pesquisadores ou entusiastas da área.
Em poucos meses após o lançamento do ChatGPT, que usa o motor GPT-3.5 na versão gratuita e inicial, o serviço explodiu em popularidade. Rapidamente, a IA já era usada para bate-papo, criação de textos, fazer sugestões sobre os mais variados temas e responder questões rápidas de forma objetiva.
Quem aproveitou muito bem a plataforma foi a Microsoft. A partir de um investimento bilionário na OpenAI, ela adotou o modelo de linguagem GPT para o seu próprio serviço em desenvolvimento, o Bing Chat, hoje chamado de Copilot.
O sucesso da plataforma fez ainda outras empresas iniciarem ou acelerarem esforços para lançar os próprios chatbots. Foi o caso do Google Bard, em março, e o Grok, de uma empresa chamada x.AI fundada por Elon Musk. A Apple segue apenas mirando esse mercado por enquanto, mas não seria uma surpresa se ela estiver planejando algo.
As evoluções do ChatGPT em um ano
Ao ser lançado, o ChatGPT já era considerado bastante avançado, mas ainda carecia de recursos e melhorias que foram adicionados com o tempo.
Um dos primeiros passos da OpenAI ao perceber a aceitação do público foi lançar uma versão paga em fevereiro de 2023: o ChatGPT Plus, que recebe todas as atualizações antecipadamente e tem vários recursos exclusivos.
Essa modalidade, por exemplo, tem o modelo de linguagem treinado com informações atualizadas até 2023, além de ser capaz de lidar com imagens e linguagem de programação a partir de comandos longos.
Com o passar dos meses, o ChatGPT também ganhou uma versão para dispositivos móveis Android e iOS, além da possibilidade de pedir ou entregar conteúdos a partir de comandos de voz.
A versão mobile do chatbot chegou depois de alguns meses.Fonte: GettyImages
Nesse ano de vida, o chatbot passou ainda por duas evoluções no modelo de linguagem: o GPT-4, que é o atualmente disponível para o público, e o GPT-4 Turbo, que é ainda mais inteligente, tem informações atualizadas e é também mais econômico para usar. Ainda assim, estudos apontam que, na verdade, a IA está ficando "menos inteligente".
Polêmicas até perder de vista
A empolgação com o ChatGPT, entretanto, foi acompanhada também de críticas e desconfianças. A adoção acelerada do chatbot em vários campos preocupou pais e professores por causa do uso em tarefas de casa ou até em concursos públicos.
Além disso, ele fez várias categorias terem medo da eliminação de cargos e movimentou até uma carta aberta assinada por especialistas como Musk e Steve Wozniak, cofundador da Apple.
Musk é um dos críticos do ChatGPT e do uso indiscriminado da IA.Fonte: GettyImages
A Itália e escolas de Nova York chegaram a proibir a ferramenta por algumas semanas, mas logo ela voltou a operar globalmente, agora sob olhos mais atentos. A União Europeia (UE), por exemplo, avançou com uma legislação que regulamenta a IA na região.
Até mesmo um advogado usou a plataforma para gerar uma apelação e, sem revisar, acabou submetendo em julgamento um texto que tinha vários casos inventados pela IA — prática que é conhecida na área como "alucinação".
Outra polêmica instaurada pelo chatbot foi a questão dos direitos autorais. Afinal, quem é dono de um material produzido por uma IA? Ele pode concorrer a prêmios ou concursos contra artistas humanos? A questão ainda não está totalmente resolvida nesse primeiro ano e os debates seguem acalorados.
O plágio, com o chatbot "imitando" o estilo de artistas humanos, também é um tema que ainda preocupa e já rendeu processos de escritores que acusam a IA de ser treinada ilegalmente usando obras sem autorização.
O vai e volta de Sam Altman, CEO da OpenAI
Apesar de tantos problemas, nenhum deles foi mais inesperado do que a crise institucional que atingiu a OpenAI em novembro de 2023. De forma inesperada, o cofundador e CEO da companhia, Sam Altman, foi demitido pelo conselho diretor.
Sam Altman, CEO da OpenAI.Fonte: Getty Images/Reprodução
O comunicado alegava que o executivo não era mais apto ao cargo por "não ser sincero", mas o motivo exato da demissão não foi divulgado.
As respostas foram imediatas: Altman foi contratado pela parceira Microsoft e um grupo de mais de 500 funcionários da OpenAI assinou uma carta pedindo que os membros do conselho abdiquem do cargo, ou eles mesmos também migrariam para a gigante.
Como resultado, o jogo virou. Sam foi reconduzido ao cargo e o conselho diretor de fato foi trocado, resolvendo a crise ao menos por enquanto.
- Veja mais: O ChatGPT vai nos tornar mais “preguiçosos”?
Nesse aniversário do ChatGPT, ainda há dúvidas sobre o papel do chatbot no mercado de trabalho, os impactos positivos ou negativos que ele ainda causará e até qual o futuro da OpenAI. Porém, tudo isso só é discutido porque essa ferramenta ganhou o mundo em pouco tempo e tem potencial para ser ainda mais relevante nos próximos anos.
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