É interessante notar como o mundo digital, à medida que evolui, vai ganhando contornos cada vez mais sofisticados e específicos. Isso ficou mais evidente a partir de dois eventos do Google que participei em junho, um na área de beleza e outro na de educação. Ambos apontaram direções promissoras para suas áreas, mas os caminhos, apesar da base tecnológica semelhante, chegam a ser diametralmente opostos.
O evento de beleza confirmou um comportamento já bastante presente em nosso dia a dia: as redes sociais têm sido o ambiente onde as consumidoras vêm buscando informação para decidir sua compra, sendo os influencers a principal referência.
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Foram apresentados dados bem interessantes: 83% das pessoas pretendem manter ou aumentar as compras de produtos de beleza; 73% utilizam o YouTube para buscas na área; 76% dos consumidores de beleza declaram ter comprado seus produtos nos últimos 12 meses com marcas de influenciadoras; 4 entre as 10 top marcas de maquiagem mais procuradas no Google são de influenciadoras (Marketing Insights Beauty).
Com isso, novo ambiente, novas regras. Saem as superproduções, as top models e o foco no estado da arte da maquiagem e entra uma abordagem “mais pé no chão”, mais autêntica e simples, de forma que a consumidora possa ter uma forte identificação.
No mercado da beleza, o que impulsiona o consumidor a adquirir um produto é a identificação com o influencer e marca. Fonte: Getty Images
Os debatedores enfatizaram a importância da produção de conteúdo nesta área. Disponibilizar principalmente vídeos não apenas mostrando o produto, mas sua forma de uso e aplicações, comparativos e resenhas, sempre de forma bem prática e direta. Inclusive, creio que isso seja bastante disruptivo para departamentos de criação e produtoras mais tradicionais. Não por acaso, algumas marcas e agências têm criado áreas especializadas em vídeos para redes sociais.
O elo emocional neste mercado também foi ressaltado. Em última instância, a beleza é encarada como uma forma de exprimir e moldar sua imagem e personalidade com vistas a obter uma maior aceitação.
A concorrência chinesa continua a chamar a atenção. Além da submarca da Shein, a Sheglam, está emergindo um novo player, o aplicativo Temu, plataforma de e-commerce com preço agressivo. O Temu já é o aplicativo mais baixado nos EUA e deve chegar ao Brasil em breve.
Mudando a chave, vamos para o evento de educação. É importante ressaltar que este aqui teve uma “pegada” diferente do anterior. O enfoque não foi tanto no comportamento dos alunos e deste mercado, mas sim nos impactos e potencial da aplicação de tecnologias inovadoras no processo educacional.
Novas tecnologias apresetam o potencial de revolucionar a educação no Brasil e no mundo. Fonte: Getty Images
A grande sensação – que vem também tomando outros espaços – foi a Inteligência Artificial (IA). A discussão superou rapidamente a questão de aplicação ou não, mas se focou em como utilizá-la para que a educação seja mais assertiva, interativa e personalizada.
Por exemplo, a IA poderia acompanhar em tempo real atividades pedagógicas, verificando em seguida se o aluno obteve o conhecimento desejado. Caso não, ele poderia mudar ou adaptar o conteúdo para uma melhor assimilação, além de responder dúvidas. Será possível também captar os dados dos feedbacks dos alunos para aprimorar de forma contínua as estratégias de ensino.
O professor continua a ter o papel fundamental de catalisador e supervisor de todo esse processo, mas agora muito mais empoderado.
Inteligência Artificial ou influenciadores, cada mercado vai se conformando ao ambiente digital a sua maneira, mas fica claro que vivemos um momento que exige muita abertura e flexibilidade.
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