A Twitch desembarcou no Brasil em 2016 e desde então o país se tornou um dos principais mercados da plataforma. A adesão do público brasileiro foi tanta que é comum vermos streamers como Gaules e Coringa frequentemente no topo dentre os mais assistidos do mundo. E a promessa da Twitch não é olhar apenas para os grandes, mas também para os pequenos.
“A gente quer que os streamers continuem buscando formas de monetizar seus conteúdos e também queremos aumentar as oportunidades para que eles ganhem mais”, revela Anadege Freitas, diretora de Conteúdo e Parcerias da Twitch Brasil, em entrevista exclusiva ao TecMundo durante o Big Festival.
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A representante fala sobre este ponto que é um dos mais sensíveis para os produtores de conteúdo. Em agosto de 2021, streamers brasileiros chegaram a fazer uma espécie de “greve” e ficaram 24 horas sem fazer lives, por exemplo. Dentre as várias demandas, a principal era de que eles queriam repasses maiores, já que na época a Twitch havia anunciado uma diminuição de 66% no valor das subs (inscrições nos canais).
TÔ NA ROXINHA!! Queremos fotos de quem passar aqui no #BIGFestival!! A GENTE COMEÇA!!! pic.twitter.com/GpzF4cI6kO
— TwitchBR (@TwitchBR) June 29, 2023
Neste sentido, Freitas cita o recém-anunciado Partner Plus como um programa para dar mais oportunidades para os produtores. Atendendo a alguns critérios, os parceiros da plataforma receberão 70% da receita líquida das inscrições, enquanto os outros 30% irão para a Twitch.
“O objetivo do Partner Plus é trazer o máximo de parceiros possíveis. A gente sabe que é importante para o streamer não somente que a gente crie ferramentas para que ele possa desenvolver seu conteúdo, mas também que ele possa conseguir retorno financeiro. E a ideia com o programa é estimular para que a própria comunidade se engaje e apoie seus produtores preferidos com subs”, salienta a diretora da Twitch.
Relação com os streamers
Na edição recém-encerrada do Big Festival, a Twitch montou um estande e reuniu produtores de conteúdo de vários locais para trocarem ideias e conversarem sobre o trabalho nas lives. Além de várias ativações – como um medidor de força de soco –, o local contou com comidas e bebidas à vontade para que os streamers pudessem relaxar.
“É importante promover estes momentos para que eles possam encontrar uns com os outros, com as próprias comunidades e com membros de comunidades diferentes. Nestas ocasiões, nós conseguimos criar oportunidades grandes para eles e também para a gente”, argumenta Freitas.
Só que como dito anteriormente, o relacionamento com os creators não é simples. No mês passado, a plataforma de streaming anunciou novas regras para anúncios que os produtores de conteúdo deveriam seguir para fazer as lives.
O estande da Twitch era um espaço exclusivo com sofás e puffs para parceiros da plataforma (Imagem: Carlos Palmeira/TecMundo)
Por causa da repercussão negativa – já que dentre as novas medidas só seriam permitidas exibições de marcas de anunciantes que ocupassem no máximo 3% da tela –, a companhia resolveu dar um passo atrás.
“A política foi anunciada e vimos que surgiram várias dúvidas, então o próprio time de comunicação resolveu que ia fazer ficar de uma forma mais clara para tirar qualquer dúvida. A gente sabe a importância de eles terem seus conteúdos sponsors (patrocinados) e respeitamos muito isso”, explica Freitas.
A executiva defende que a Twitch é bastante aberta aos comentários dos produtores de conteúdo e que até os diretores globais estão fazendo lives para entender o público. Ela ressalta que todos podem dar sugestões no canal de atendimento oficial e que as redes sociais são sempre monitoradas para “medir” o clima e saber o que estão falando sobre o serviço.
Anadege Freitas, diretora de Conteúdo e Parcerias da Twitch Brasil (Imagem: Divulgação/Twitch)
“É impossível fazer tudo ficar 100% sempre, mas buscamos apoiar o maior número de parceiros possível. Todos os dias estamos pensando no que é melhor para eles, já que sem os streamers a Twitch não existiria”, acrescenta a executiva.
Mercado com espaço para crescer
Diferentemente de outros softwares que fizeram sucesso durante a pandemia e depois praticamente desapareceram, a Twitch se manteve firme e forte. Se no período de crise de saúde global as pessoas buscavam principalmente lives com gameplay e shows, a nova onda é formada por transmissões de IRL (eventos da vida real), viagens e eventos globais como campeonatos esportivos,
O jornalista e produtor de conteúdo Casimiro Miguel, o Casé, é hoje um dos principais rostos da plataforma roxa. Ele se popularizou pelos reacts e atualmente possui uma estrutura gigantesca, tendo inclusive transmitido gratuitamente jogos da Copa do Mundo do Catar 2022.
“A gente fica feliz [com o surgimento de figuras como o Casimiro]. A nossa principal missão é empoderar e dar o máximo de recursos possíveis para que os streamers possam se sentir fortes e criar os conteúdos”, diz Anadege Freitas.
A representante do site de streaming ainda argumenta que a Twitch virou um “benchmark” na internet. E, de fato, mesmo estando estabelecida e concorrendo com gigantes como o YouTube, seguem surgindo concorrentes. Além do Rumble, nos últimos meses a internet se deparou com a Kick. Com uma proposta similar a da empresa da Amazon, a Kick chegou a conquistar streamers que eram exclusivos da rival roxa, como a polêmica Amouranth.
A diretora de Conteúdo e Parcerias da Twitch Brasil afirma que as concorrentes só mostram o quanto o mercado de livestream tem potencial de crescimento. E as alternativas não preocupam, segundo ela.
“Estamos muito focados em como oferecer a melhor experiência para o nosso parceiro e para as nossas comunidades e disponibilizar o máximo possível de ferramentas de qualidade para que o streamer consiga ser criativo e autêntico”, finaliza.