De tempos em tempos, viralizam no TikTok trends que são vinculadas à realidade do mundo do trabalho. Depois da chamada "demissão silenciosa" (em inglês, quiet quitting), que sugeria fazer apenas o necessário dentro de uma rotina, surge agora o movimento "segunda-feira mínima", que prega que os trabalhadores comecem a semana com a menor quantidade possível de tarefas.
Como começou essa trend e o que ela nos fala sobre a realidade de trabalho hoje? É o que contamos neste texto. Acompanhe!
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O que é a segunda-feira mínima?
A ideia da segunda-feira mínima é incluir atividades prazerosas no primeiro dia da semana de trabalho.Fonte: Getty Images
Muita gente se identifica com essa sensação: quando o domingo vai chegando ao fim, começa a bater um sentimento ruim de ansiedade sobre a semana que vai se iniciar. Tem até quem durma mal, pois saber que, no dia seguinte, ingressa mais uma vez em uma jornada de trabalho duro.
É neste contexto que se insere o movimento da "segunda-feira mínima" (no termo original, bare minimum monday), que estimula as pessoas começarem a semana de maneira mais light e menos estressada, reduzindo o ritmo de sua jornada. Além disso, a ideia é intercalar o trabalho com atividades prazerosas, voltadas ao autocuidado, e até começar a trabalhar mais tarde.
Embora para muita gente pareça apenas preguiça, esse tipo de trend reflete mudanças na visão que se tem hoje sobre o trabalho. Se em outros momentos as pessoas não questionavam a existência de jornadas extenuantes, hoje há uma discussão sobre a necessidade de se trabalhar tanto, uma vez que os frutos de tanto esforço nem sempre chega até os funcionários das empresas.
Junto à "segunda-feira mínima", ocorrem outras discussões e movimentos, como a própria "demissão silenciosa" (que, mais do que incitar uma demissão, sugere que as pessoas não deveriam se sacrificar tanto por seus empregos) e a possibilidade de mudanças de jornada trabalhista para quatro dias por semana – o que já vem sendo testado em alguns países, inclusive no Brasil.
Como surgiu a tendência da segunda-feira mínima?
A trend do TikTok já atingiu milhões de visualizações. Fonte: Getty Images
A trend da segunda-feira mínima foi iniciada pela tiktoker americana Marisa Jo Mayers, de 29 anos. Ela começou a compartilhar vídeos sobre a sua rotina, nos quais revela que, ao reconhecer que a segunda-feira era incômoda para ela, resolveu mudar de atitude. Ao invés de trabalhar freneticamente neste dia, ela passou a trabalhar menos, intercalando na jornada momentos de descanso e em que faz outras coisas, como arrumar a casa.
Em entrevista ao portal Insider, Marisa disse que essa ideia se iniciou quando ela se deu conta que detestava as segundas-feiras. Primeiramente, achou que o problema estava na empresa em que trabalhava ou no chefe. Pediu demissão e passou a trabalhar como autônoma.
Mas, logo em seguida, ela notou que a ansiedade continuava. “O problema era maior do que isso. Eu tinha um problema de ‘cultura apressada’, de perfeccionismo", afirmou. A partir daí, com a hashtag "bareminimummonday", produziu vídeos em que sugeria o estabelecimento de uma cultura de trabalho mais leve nesse dia.
Vale a pena adotar a segunda-feira mínima na sua rotina?
Se for mal planejada, a tendência pode significar acúmulo de trabalho nos dias seguintes. Fonte: Getty Images
Como tudo que existe no mundo, adotar a segunda-feira mínima é uma prática com pontos positivos e negativos. Contudo, para começo de conversa, é importante destacar que essa é uma tendência que não se aplica a todas as áreas. Um profissional que atua na área da saúde, por exemplo, costuma lidar com acontecimentos imprevistos, e por isso será bem difícil que ele ou ela se programe para um início de semana mais light.
Para quem pode aderir, há prós e contras. Iniciar a semana mais leve, ao invés de apontar procrastinação, pode ser uma maneira de se motivar e aumentar a própria produtividade no restante dos dias. Há um tempo já se sabe que fazer um bom trabalho não significa necessariamente trabalhar por muitas horas a fio, mas sim conseguir ser eficiente e focado no tempo que se disponibiliza para isso.
Por outro lado, para quem não consegue se organizar, a segunda-feira mínima pode talvez significar um acúmulo de trabalho para os outros dias. Neste caso, o efeito é o oposto ao desejado: ao invés de ficar mais tranquilo, o profissional se sente ainda mais sobrecarregado nos dias seguintes.
Outra questão que precisa avaliada são as razões da desmotivação na segunda-feira. O sentimento de desânimo no início da semana pode estar escondendo insatisfações mais profundas, como um desejo de trabalhar com outra coisa. Por isso, uma análise cuidadosa – que deve ser feita pelos profissionais autônomos, mas também por líderes e funcionários de empresas – é recomendada.
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