Alcançando a posição de quinta maior empresa de PCs do mundo, a Acer tem no Brasil um de seus mercados mais importantes e exigentes. E a marca se orgulha do trabalho realizado aqui principalmente por conta de dificuldades comerciais como impostos e taxas.
Em entrevista exclusiva ao TecMundo, Jerry Kao, diretor de Operações da Acer, revela que o Brasil é o segundo mercado mais importante da marca na América Latina (atrás somente dos Estados Unidos) e fica até mesmo acima do Japão e Alemanha, por exemplo.
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“É um mercado [brasileiro] muito, muito grande. Mas também é um mercado muito complicado, né? Especialmente por causa de políticas governamentais que de alguma forma criam barreiras de entrada para empresas não sediadas no Brasil. Mas se você conseguir superar estas barreiras, você acaba se tornando bastante competitivo”, argumenta Kao.
Jerry Kao é o executivo por trás de todo o desenvolvimento de produtos da Acer
O executivo comenta que o retorno nos negócios locais é interessante e por isso a expectativa é continuar lançando os computadores e monitores da marca por aqui. Prova disso são os novos modelos de linhas como Predator que chegarão por aqui, como confirmado por Alexandre Gerardo, diretor geral da Acer para o Brasil.
Ele conta ao TecMundo que o posto de líder de vendas no setor de notebooks gamers foi alcançado após muito feedback e soluções para as críticas apontadas pelos consumidores. “O público é muito exigente, detalhista e conhece muito dos nossos produtos. Mas nosso portfólio é tão deles, que eles falam o que têm que fazer e a gente faz”, brinca.
Diferenciais da Acer
Em um cenário tão competitivo onde marcas disputam cada palmo da preferência dos consumidores, é muito comum que os produtos sejam muito parecidos. Há algum tempo, inclusive, existem bastante críticas sobre a falta de novidades entre uma versão mais antiga e uma mais nova de um dispositivo da mesma companhia.
No caso da Acer, Jerry Kao responde a questão dizendo que a preocupação com o meio ambiente é o que a difere a empresa na comparação com as concorrentes. Produtos como o Chromebook Vero 712 e Aspire Vero utilizam plástico reciclado na composição, por exemplo.
“O nosso propósito não é só fazer dinheiro, mas fazer a coisa certa. E entendemos que entregar produtos que venham com essa preocupação é muito importante para todo mundo”, cita.
Dentre outros pontos, o representante da Acer lembra sobre o poder de computação das máquinas da companhia e a Inteligência Artificial (IA). Apesar de segundo tópico citado estar provavelmente em 9 de 10 conversas sobre tecnologia na atualidade, Kao sustenta que a Acer já trabalha “há muito tempo na tecnologia”.
E na verdade, a Acer tem uma faceta desconhecida para o público brasileiro. Alexandre Gerardo comenta que a companhia de Taiwan é composta por mais de 20 empresas, incluindo marcas de mobilidade com bikes elétricas e scooters.
“A empresa sentiu a necessidade de crescer em outros segmentos para virar um grupo ainda mais forte. Mas a parte de computadores continuará sendo o carro-chefe”, garante.
E a crise?
O ano de 2023 tem sido encarado com bastante tensão por executivos, gestores e políticos do mundo todo. A expectativa de recessão econômica é bastante alta, sendo que esses fatores chegaram inclusive a fazer com que empresas de tecnologia realizassem demissões em massa nos últimos meses.
No Brasil, os juros estão em alta já há algum tempo e há certa preocupação se o governo brasileiro conseguirá manter a inflação dentro da meta (que é de 3,25%). Neste cenário, as pessoas acabam tendo que frear o consumo, já que alimentos e contas de energia, água e aluguel acabam encarecendo. Com tudo isso batendo na porta, como garantir que as vendas serão boas?
“O desafio é passar por 2023 para ver o que aconteceu e projetar um 2024 melhor. Esse ano é totalmente desafiador e a expectativa é registrar uma queda em relação a 2022”, indica Gerardo.
A inflação é uma das principais preocupações econômicas do mundo em 2023
A turbulência esperada para este ano é alimentada por questões geopolíticas como a Guerra na Ucrânia e ainda a crescente tensão entre China e Taiwan (país de origem da Acer). Enquanto Taiwan se considera um território autônomo, o governo da China considera o país uma província rebelde e pode retomar o espaço do país a qualquer momento.
Apesar de dizer que “com certeza existe a tensão”, Jerry Kao nega que a Acer tenha comentado internamente sobre possíveis impactos nos negócios e prefere enxergar com otimismo a situação.
“Vamos pensar em tomar ações, como já mudamos parte da nossa linha de produção para a China. Não é algo que preocupa porque esse problema já existia antes mesmo da covid, período em que tivemos um problema de semicondutores. Então acho que em termos de negócio tudo será administrável”, finaliza.
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