O desafio de promover equidade de gênero em organizações pelo mundo não é novo. Muitas empresas fazem ações pontuais em março valorizando e empoderando mulheres, sejam elas do próprio time ou clientes, mas precisamos de mais: é necessário que ações estruturais sejam feitas para promover um ambiente de iguais oportunidades para todas as pessoas.
É importante introduzir que, quando falo de equidade de gênero, estou incluindo e respeitando toda a diversidade de identidade de gênero que existe, como homens, mulheres, pessoas transgênero, não binárias, entre outras.
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Cultura inclusiva e de segurança psicológica
A construção de uma cultura que valoriza a diversidade e a inclusão, promove a empatia, o respeito e que, portanto, reconhece a importância de todas as pessoas é um grande primeiro passo: Isso colabora na construção de um ambiente de confiança e segurança psicológica, onde as pessoas podem ser elas mesmas. A formação de uma liderança inclusiva, acima de tudo, gera impacto direto na organização.
Como ação, podemos começar por promover palestras, workshops e fóruns de conversa, práticas essenciais para trazer conscientização constante entre as pessoas que ali trabalham e dar luz à pauta de equidade de gênero como agenda da empresa, e não apenas como interesse individual de algumas pessoas. A clareza do que são os vieses inconscientes e como eles podem ir contra o movimento na rotina de trabalho ajuda as pessoas a identificarem possíveis gargalos do dia a dia que devem ser olhados.
É importante lembrar que sem um ambiente inclusivo, a diversidade não permanece, assim como não é possível construir esse ambiente inclusivo sem recrutar pessoas diversas.
Respeito às Interseccionalidades
Abrace e respeite as interseccionalidades dentro do time. É importante que a organização entenda que cada pessoa é única e há uma imensa diversidade dentre as mulheres da organização, mulheres brancas, pretas, trans, PCDs, por exemplo, que têm histórias, perspectivas e lutas muito diferentes entre si.
Equiparação Salarial
Uma ação indispensável na busca pela equidade de gênero é a promoção da igualdade salarial, que garante que pessoas de diferentes gêneros que desempenham funções iguais ou semelhantes recebam salários equivalentes. Isso pode ser alcançado através de uma política clara de cargos e salários, avaliações de desempenho imparciais e de políticas de promoção com critérios bem definidos, evitando vieses inconscientes nas tomadas de decisão.
Promover ambientes realmente igualitarios e diversos é ainda, um dos principais desafios das pequenas e grandes empresas , no Brasil.
Fonte: Gettyimages
Segundo matéria recente da BBC, mulheres no Brasil são remuneradas em 77,7% do salário de homens do mesmo cargo, mesmo com legislações a favor da igualdade salarial - e quando fazemos um recorte de raça, ou seja, mulheres negras, esse índice é ainda pior.
Representatividade e equilíbrio no time
Um time diverso traz vivências e perspectivas diferentes e complementares, fortalecendo a inovação, o debate e a tomada de decisões no grupo. Além da representatividade na organização como um todo, olhar para a liderança tem especial impacto, como posições estratégicas e de alta influência nas decisões da empresa.
Entendo que tornar isso realidade não será da noite para o dia e é um trabalho contínuo, é necessário criar uma agenda recorrente, metas, combinados e trabalhar com ações afirmativas, ou seja, ações que foquem na formação, capacitação e contratação de mulheres, por exemplo.
Um olhar para o processo de atração e seleção para novas vagas se faz necessário para início da contratação da diversidade, revisitar requisitos, parcerias especializadas e trazer consciência para os vieses que podem acontecer nesse processo, como por exemplo não contratar mulheres que planejam ser mães para não 'atrapalhar' o trabalho.
- Leia também: A importância de ser uma empresa diversa de verdade
Políticas, flexibilidade e autonomia
A promoção de políticas de licenças parentais estendidas, flexibilidade de horários e modelos de trabalho também pode ajudar a alcançar a equidade de gênero nas organizações. Isso permite que as pessoas de diferentes gêneros tenham mais controle sobre sua carga de trabalho e suas responsabilidades familiares.
Uma política parental que abra espaço para pais atuarem nos cuidados da família na chegada de um bebê, seja ele adotivo ou biológico, reforça a segurança, tranquilidade e o caminho para equidade nos diferentes ambientes.
Em resumo, com a gestão da DeÔnibus fica muito claro para mim que a teoria é muito mais simples que a prática, claro. Não basta só ter a intenção, é necessário alto engajamento da liderança, planejamento e consistência para trilhar esse caminho, que percorre e se modifica de acordo com fases diferentes e níveis de amadurecimento da organização, entradas e saídas de pessoas no time.