A falência do Silicon Valley Bank (SVB), anunciada na sexta-feira (10), pode ter sérias consequências para a indústria da tecnologia nos Estados Unidos e em mais países. Conforme dados da aceleradora Y Combinator, o colapso deve afetar, de imediato, cerca de 10 mil startups de pequeno e médio porte.
Sem a possibilidade de movimentação do saldo após a quebra da instituição financeira, estas empresas podem não conseguir pagar os funcionários nos próximos 30 dias. Como resultado, aproximadamente 100 mil trabalhadores ficariam sem receber.
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Com a indisponibilidade dos fundos, as companhias podem apelar para os layoffs, termo que se refere à suspensão temporária dos contratos ou redução parcial da jornada e dos salários. Também não se descarta uma nova onda de demissões, segundo o relatório.
O mercado de tecnologia pode ser bastante afetado pela crise no banco.Fonte: GettyImages
Fundado em 1983, o SVB tinha como foco os serviços bancários para as startups de tecnologia, tendo disponibilizado financiamento para quase 50% das empresas de tecnologia e saúde apoiadas por capital de risco nos EUA. A instituição estava entre os 20 maiores bancos americanos.
Atrasos
Para tentar mitigar os efeitos da falência no setor tecnológico, a Y Combinator enviou uma petição à secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, no domingo (12). Nela, é informado que um terço das marcas atendidas utilizam o banco como sua única conta.
De acordo com o documento, a instituição financeira tem quase 37 mil pequenas empresas com depósitos totalizando mais de US$ 250 mil, ou R$ 1,3 milhão pela cotação do dia. Sem uma intervenção do governo, os valores podem ficar indisponíveis por meses ou até anos.
Empresas pedem intervenção do governo americano para evitar demissões.Fonte: GettyImages
“Se permitirmos que aconteça, isso afetará imediatamente a indústria de tecnologia e a competitividade dos EUA em todo o mundo e, por fim, atrasará a competitividade dos EUA em uma década ou mais, enquanto o resto do mundo avança”, afirma a petição.
Vale lembrar que depósitos de até US$ 250 mil têm proteção do governo em caso de problemas com as instituições financeiras, sistema parecido com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) no Brasil, enquanto valores acima disso não são segurados. As quantias com cobertura deverão ser disponibilizadas para saque esta semana.
Mais demissões a caminho?
As empresas de tecnologia demitiram mais de 150 mil pessoas no ano passado, globalmente, com os números aumentando a partir do segundo semestre. E a crise do SVB pode levar a uma nova onda de cortes, à medida em que os clientes não consigam lidar com o saldo bloqueado.
O Brasil também foi afetado pelas demissões em massa, com dispensas no escritório do Twitter e em empresas como iFood, Buser e Loft, entre outras. Estima-se que 35 mil pessoas tenham perdido o emprego nesta área no país, em 2022.
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