Após revelar um rombo de R$ 43 bilhões, o Grupo Americanas (que também engloba Submarino, Shoptime, entre outros serviços) solicitou uma recuperação judicial. Aprovado pela justiça na última quinta-feira (19), o processo dá 60 dias para apresentação de plano de ação, que pode ou não ser aceito.
Por se tratar de uma marca forte, é natural que, além dos acionistas, o consumidor também se sinta inseguro em continuar consumindo produtos do grupo. Pensando nisso, preparamos um explicativo, apontando as diferenças entre recuperação judicial, falência e suas implicações nas atividades da empresa.
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Recuperação Judicial x Falência
A recuperação judicial é uma estratégia para empresas continuarem atuando, mas sob análise de um auditor de contas, para restabelecer uma operação financeiramente saudável. O objetivo é honrar dívidas em prazos estabelecidos pela justiça, sem impactar profundamente os serviços prestados.
Ao ter a recuperação judicial aceita pelo juiz do caso, as Americanas tem 60 dias para apresentar um plano de ação que ainda precisa ser aprovado por, pelo menos, 50% dos credores. Nele devem constar as medidas e projeções de operação, deixando claro haver condições para a empresa se reerguer mediante renegociação das dívidas.
A Americanas alega estar com 'somente' R$ 800 milhões em caixa, mas sustenta que as lojas continuarão operando normalmente; confira detalhes! https://t.co/fdvvFsxAt0 #tecmundo
— TecMundo (@Tec_Mundo) January 19, 2023
Parte do plano também costuma incluir o desmembramento e venda de ativos específicos. Seria o caso, por exemplo, do Grupo Americanas liquidar apenas as operações do serviço AME ou da Marca Natural da Terra. Com isso, essas empresas passariam a ser subsidiárias de outros grupos.
Além de aumentar o caixa da empresa em recuperação, a medida costuma ser considerada com um ato de boa-fé frente aos credores, e reduz custos de operação, aumentando a rentabilidade.
Inicialmente, o prazo para pagar os credores será de 180 dias após aprovação do plano de recuperação. No entanto, o processo pode se arrastar por anos. Durante esse período os débitos ficam congelados, para favorecer pagamento de funcionários, impostos e contas essenciais para seu funcionamento, inclusive fornecedores.
Decretação de falência
Caso o plano de recuperação seja rejeitado, o juiz decreta a falência da empresa. Com isso ela encerra operações, tem bens, imóveis e ativos congelados, avaliados em juízo, e leiloados para quitar dívidas em aberto.
No caso de processo de falência, processos trabalhistas para honrar recisões são anexados ao processo.Fonte: Shutterstock
Funcionários afetados nesse caso se enquadram em regime de demissão sem justa causa, e os pagamentos da rescisão e demais direitos devem ser solicitados mediante ações trabalhistas contra o antigo empregador. Esse valor é calculado e anexado ao processo.
Conforme o art. nº 61 da Lei nº 11.101/2005, que regula a Recuperação Judicial, e processo de falência, a recuperação deve ser encerrada em no máximo dois anos após deferida. Contudo, é possível recorrer desse prazo e algumas ações podem durar bem mais que isso.
Empresas que já pediram recuperação judicial
O processo de recuperação judicial da Oi, por exemplo, foi o segundo maior do país, no valor de R$ 65, bilhões e correu de 2016 a 2022. Além da Oi, diversas empresas abriram pedido de recuperação judicial nos últimos 10 anos.
- Odebrecht: R$ 98,5 bilhões — aberto em 2019 e em andamento
- Oi: R$ 65,4 bilhões — aberto em 2016 e encerrada
- Grupo Abril: R$ 1,6 bilhão - aberto em 2018 e encerrada
- Samarco: R$ 50 bilhões — aberto em 2021 e em andamento
- Americanas: R$ 43 bilhões — aberto em 2023 e em andamento
- Sete Brasil: R$ 19,3 bilhões — aberto em 2016 e em andamento
- OGX: R$ 12 bilhões — aberto em 2013 e encerrada
Por se tratar de um grupo grande, as Americanas não deve ter falência decretada, mas é certo que haverá um encolhimento da empresa. Dessa forma, marcas menores devem trocar de dono e desapareçam com o tempo após incorporação a outros grupos.
Fontes