Financiamento: como reduzir juros e parcelas com amortização

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Após toda a burocracia envolvendo a compra de um bem financiado, muitos consumidores se deparam com certa dificuldade no pagamento de suas prestações — que, por vezes, podem durar até 30 anos. Quase por norma, os valores negociados em financiamentos tendem a ser severamente inflados pela presença de juros, capazes de assustar até mesmo os investidores mais pragmáticos.

Contudo, ainda há maneiras de contornar o problema e tornar o investimento financiado em um negócio mais vantajoso. Nesse sentido, a abordagem mais comum é "pagar de trás, para frente", visando evitar o acumulo de juros e taxas — gerados em decorrência dos prazos mais generosos de pagamento.

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Mesmo sendo popular, a alternativa é pouco discutida de maneira clara e acessível, geralmente envolvendo jargões que confundem os investidores menos aptos ou iniciantes. Assim, o TecMundo elaborou um guia para descomplicar as principais abordagens para quitar um financiamento. Confira!

SAC ou Price: qual a diferença no financiamento?

Antes de começar, vale lembrar que há dois principais modelos de financiamento no Brasil, sendo eles o Sistema de Amortização Constante (SAC) e a Tabela Price. Sem se desviar do tópico principal, é importante definir que a primeira alternativa trabalha com valores decrescentes de parcela, onde o valor destinado ao pagamento da dívida contratada é fixo, com os juros e demais despesas embutidas reduzindo-se com o decorrer dos meses.

No caso da Tabela Price, ocorre justamente o oposto. O valor das parcelas é sempre o mesmo, com sua composição interna mudando conforme os pagamentos. Inicialmente, os juros e taxas são menores e o valor destinado ao pagamento da dívida é maior — ao final, ambos os fatores se invertem.

No Brasil, a modalidade mais comum de financiamento é o SAC. (Fonte: Shutterstock)No Brasil, a modalidade mais comum de financiamento é o SAC. (Fonte: Shutterstock)Fonte:  Shutterstock 

Dessa maneira, a eficiência das estratégias neste guia pode variar conforme o modelo escolhido para um financiamento. Ademais, em caso de dúvidas, o TecMundo recomenda a consulta de um especialista qualificado em investimentos do tipo.

Amortização de finaciamento: como funciona?

Partindo do princípio de que o objetivo do investidor é quitar seu financiamento de maneira mais rápida o possível, a alternativa mais eficiente é a amortização de prazo. Anteriormente conhecida como "pagar adiantado" ou "de trás, para frente", referenciando os antigos talões de boleto, a abordagem consiste em realizar pagamentos extras para abater o saldo devedor real — isto é, desconsiderando as despesas e taxas extras.

Em suma, a opção é atrativa pois "aumenta" o impacto de cada pagamento frente ao prazo restante em um financiamento, essencialmente eliminando os valores inflados com juros. Para melhor ilustrar um exemplo, o guia utilizará um financiamento de imóvel de R$ 130 mil financiado em 420 meses, na modalidade do SAC, pela Caixa.

Com juros de aproximadamente 9% ao ano, a parcela mensal do investimento foi estabelecida em cerca de R$ 1.305. Deste valor, apenas cerca de R$ 310 são direcionados para o saldo devedor real, com o restante referindo-se às taxas e juros.

Veja simulações de amortização

Nesse cenário de altos juros, a amortização de prazo se torna eficiente no abate de parcelas: o adiantamento de R$ 100, por exemplo, reduz um mês inteiro do prazo restante e evita as despesas excedentes. Caso o valor adiantado seja maior, como R$ 10 mil, os benefícios são quase proporcionais: 98 meses são adiantados, evitando os juros, custos de serviço e manutenção, além de despesas ligadas ao seguro.

Confira abaixo algumas simulações realizadas diretamente no aplicativo da Caixa pelo TecMundo.

Simulações de amortização de prazo em um financiamento. (Fonte: TecMundo)Simulações de amortização de prazo em um financiamento. (Fonte: TecMundo)Fonte:  TecMundo 

Mesmo que os juros no final do financiamento através do SAC sejam muito menores que no seu início, a estratégia ainda é efetiva, uma vez que elimina a necessidade de pagamento das taxas referentes ao período adiantado.

Não seria melhor investir?

Comparando com um investimento de baixo risco, como uma poupança rendendo 6,167% ao ano estavelmente, o mesmo aporte inicial de R$ 10 mil renderia apenas R$ 6.302,27 em 98 meses. Tratando-se do financiamento em questão, nesse mesmo período, o consumidor teria pago cerca de R$ 50 mil apenas em juros — considerando o pagamento das parcelas-padrão, sem adiantamentos.

Embora seja possível buscar alternativas de investimento mais rentáveis que a poupança, uma das modalidades mais comuns no Brasil, essas opções tendem a exigir maior disciplina financeira e também implicam maiores riscos — como é o caso das ações e das criptomoedas. Assim, sua recomendação fica limitada aos investidores mais experientes.

Amortização na parcela

Alternativamente, é possível realizar a amortização na parcela de um financiamento, reduzindo o valor pago mensalmente. Na prática, essa modalidade também reduz o valor devido mais rapidamente, já que ainda se trata de um pagamento adiantado, mas seu benefício empalidece frente aos persistentes juros.

Leia mais sobre: Investimento: quais os tipos e como começar a investir o seu dinheiro

Além disso, os valores adiantados surtem um efeito muito menor que a amortização no prazo. Utilizando o mesmo financiamento hipotético do tópico anterior, o pagamento extra de R$ 500 reais reduziria apenas R$ 3,27 na parcela de R$ 1.305. Exemplificando, caso fossem pagos R$ 10 mil, a parcela cairia para R$ 1.211.

Simulações de amortização de prestação em um financiamento. (Fonte: TecMundo)Simulações de amortização de prestação em um financiamento. (Fonte: TecMundo)Fonte:  TecMundo 

Para piorar, o preço da conveniência pelas parcelas menores se reflete nos juros, que permanecem exatamente iguais, intocáveis, apesar do investimento. Tomando esse contexto em consideração, é seguro dizer que essa é uma alternativa de nicho e, no geral, pouco recomendável no quesito custo-benefício.

E então, qual a melhor opção de amortização?

Objetivamente, não há uma única resposta certa para todos os casos. No entanto, a amortização de prazo parece a alternativa mais eficiente frente aos juros, taxas e encargos envolvidos nos financiamentos. Complementando, uma boa disciplina financeira e hábitos responsáveis de consumo podem ser praticados para otimizar gastos, deixando espaço para se livrar de dívidas ainda mais rapidamente.

Em ambos os casos, as alternativas devem estar disponíveis no aplicativo dedicado ao financiamento do banco responsável pelo contrato.

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Fontes

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