Pressionada pelas montadoras e outras empresas do bloco por uma solução para a escassez de semicondutores, a Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia (UE), tem planos para dobrar a participação das indústrias do continente no mercado global de chips até 2030. No entanto, uma independência completa nesse setor é “impossível”, segundo a Comissária Europeia para a Concorrência, a dinamarquesa Margrethe Vestager.
Falando na semana passada à emissora CNBC, em Londres, a executiva reconheceu que a participação da Europa no mercado de processadores, "em um bom dia", é de 10% atualmente, ao contrário dos 40% da década de 1990. Isso porque a região consome hoje centenas de milhões de chips por ano, mas só uma pequena produção é feita no continente.
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Uma total independência na produção de semicondutores, como anunciam alguns políticos europeus, demandaria altíssimos investimentos. Para Vestager, "os números dos quais ouço falar, mais ou menos, dos investimentos iniciais para sermos totalmente autossuficientes, tornam o objetivo inviável”. No entanto, a política dinamarquesa admite "que existe um nível diferente de capacidade de produção na Europa”.
Por que a União Europeia quer fazer mais chips?
Fonte: Shutterstock/Reprodução.Fonte: Shutterstock
Enquanto busca dobrar sua participação no mercado mundial de chips, a UE trabalha em parceria com os EUA para identificar as causas da escassez atual na produção. Como a Europa não produz smartphones nem PCs, a demanda do bloco é focada principalmente nos componentes destinados à indústria automobilística, para proteger sua economia interna.
Outro objetivo estratégico é reduzir a dependência da China, para não ficar refém da geopolítica. A UE julga preocupante a perspectiva de que as já combalidas cadeias de abastecimento possam ser afetadas pelos atritos entre EUA e China ou Alemanha e China. No momento, destaca a comissária, "precisamos dar continuidade à cooperação internacional”.
Para atingir esses objetivos, Vestager admite que a UE terá que fornecer algum tipo de incentivo aos fabricantes locais de semicondutores. No entanto, falou em "subsídios para tipos específicos de capacidade de produção", mas não anunciou nada de concreto.
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