Alexa armazena conversas até quando está inativa, aponta relatório

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Imagem: Panthere Noire/Shutterstock
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Uma série de relatórios divulgados pela Amazon revelou que a empresa conhece dados pessoais como altura, peso, estado de saúde, etnia, orientação política e locais visitados pelos clientes e que a assistente virtual Alexa pode armazenar conversas até quando está inativa.

Os detalhes foram divulgados nesta sexta-feira (19) pela Reuters. Vários jornalistas do veículo tiveram acesso aos próprios dados pessoais compilados pela gigante da tecnologia por causa de uma lei norte-americana que obriga a companhia a divulgar os registros para as pessoas mediante o preenchimento de um formulário.

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As informações sobre os clientes são coletadas pelos dispositivos Alexa, Kindle, câmeras de segurança doméstica (como o Ring), rastreadores fitness, por serviços como Audible, Amazon Prime Video, Amazon Music e pelo próprio comércio eletrônico.

Alexa

O dossiê de um dos repórteres da agência mostra que a empresa de tecnologia coletou mais de 90 mil gravações de áudio de familiares feitas pela Alexa entre dezembro de 2017 e junho de 2021. Os registros, cerca de 70 por dia, continham detalhes como o nome dos filhos do repórter.

Entre as conversas dos menores de idade (que tem 7, 8 e 12 anos) registradas pela Alexa, uma delas chamou bastante a atenção. Os pequenos perguntaram à assistente virtual como convencer os pais a comprarem um video game para elas; a Alexa sugeriu que elas poderiam refutar argumentos dos pais como "video games são muito violentos", "muito caros" ou "vocês não estão indo bem na escola". Para dar essas respostas, a inteligência artificial consultou um site chamado wikiHow, que responde como fazer milhares de coisas.

Em outros momentos, a Alexa registrou e armazenou os filhos do repórter perguntando "o que era uma pessoa pansexual", "o que é uma vagina" e "o que significa bondage" (uma prática sexual).

Receio de uso dos dados

Além dos jornalistas, Ibraheem Samirah, que é legislador filiado ao Partido Democrata no estado da Virgínia, revelou à Reuters alguns detalhes sobre o caso. De acordo com ele, seu relatório pessoal indicou, entre outras coisas, que a Amazon tinha acesso a mais de 1 mil contatos de seu telefone.

A companhia também havia registrado exatamente o trecho do Alcorão que Samirah (que é muçulmano) havia ouvido em 17 de dezembro de 2020. "Eles estão vendendo produtos ou espionando pessoas comuns?", questionou.

Alexa

O político contou que ficou pessoalmente receoso por a Amazon saber sobre sua leitura do Alcorão. Ele argumentou que o caso o fez lembrar da história de agências policiais e de inteligência que mantêm muçulmanos vigiados por suspeita de ligação com o ataque às Torres Gêmeas em 2001. "Por que eles precisam saber disso [quais páginas do Alcorão ele estava lendo]?", perguntou Samirah.

O que diz a Amazon?

Em resposta à Reuters, a Amazon defendeu que seus produtos com a assistente virtual embarcada são projetados para registrar o mínimo possível de informações. A marca disse que o armazenamento de dados começa com a palavra de acionamento "Alexa" e é interrompido quando o comando do usuário termina. A reportagem do veículo norte-americano pontuou, porém, que as gravações da família do repórter chegaram a capturar momentos em que teoricamente a inteligência virtual deveria estar inativa.

Sobre as respostas da Alexa ensinando crianças a refutar os pais caso eles se negassem a comprar um video game, a Amazon disse que não possui o wikiHow, mas que às vezes a assistente responde a solicitações com informações de páginas da internet.

No comunicado, a Amazon ainda sustentou que tem equipes de cientistas e engenheiros trabalhando para melhorar os gatilhos de gravação da Alexa e alerta em todas as plataformas e serviços sobre os dados que são coletados dos clientes, que podem administrar quais informações serão coletadas.

Amazon

Contudo, a gigante da tecnologia confessou que até mesmo após uma conta ser deletada alguns detalhes dos usuários continuam armazenados no sistema, como o histórico de compras. A empresa justificou que essa é uma obrigação legal.

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Fontes

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