A filha do fundador da Huawei e vice-presidente da empresa, Meng Wanzhou, retornou para a China nesta sexta-feira (24), após realizar um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, no qual admitiu delitos menores. A executiva chinesa passou quase três anos detida em prisão domiciliar no Canadá devido a um pedido de extradição para os EUA.
Ao mesmo tempo que Wanzhou viajava de volta para o território chinês, Pequim libertou os canadenses Michael Kovrig e Michael Spavor, que estavam presos sob acusação de espionagem em retaliação à detenção da executiva da Huawei.
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O fim do imbróglio jurídico e diplomático trouxe um certo alívio para as tensas relações entre China e Estados Unidos. Mas ainda há muitos obstáculos a serem superados entre as duas principais superpotências do mundo.
O acordo foi anunciado no mesmo dia em que a Casa Branca promoveu uma cúpula da aliança informal Qaud, que reúne Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia. As autoridades de Pequim avaliam que a coalização visa limitar a influência chinesa na região Indo-Pacífico.
Entenda o caso
Após pagar uma fiança milionária, filha do fundador da Huawei ficou em prisão domiciliar em uma mansão no Canadá. (Fonte: CBC/Ben Nelms/Reprodução)Fonte: CBC/Ben Nelms/Reprodução
Em 1o de dezembro de 2018, Wanzhou foi detida por autoridades canadenses a pedido dos Estados Unidos, quando fazia uma escala em Vancouver em direção ao México. A executiva foi acusada de mentir para uma instituição financeira global ao esconder os negócios da Huawei no Irã, país que sofre sanções econômicas dos Estados Unidos.
Dias depois, em retaliação, Pequim prendeu dois canadenses, mas negou relação com o caso. As autoridades chinesas também suspenderam as importações de produtos agrícolas e de carne do Canadá por vários meses.
Para marcar os 1.000 dias da prisão da executiva da Huawei, a China emitiu um comunicado classificando o episódio de “incidente político” com o objetivo de dificultar o desenvolvimento da companhia chinesa, uma das maiores fabricantes de telefones do mundo, na época.
Um acordo entre Wanzhou e a Procuradoria dos Estados Unidos suspendeu o processo até dezembro de 2022 e permitiu a liberação da executiva chinesa. No entanto, a Justiça americana pode reativar o processo caso julgue necessário.