(Fonte da imagem: iStock)
Reuters. Por Caroline Valetkevitch - Quando as ações da Apple caem, o desempenho de Wall Street como um todo corre risco?
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A influência desproporcional da Apple sobre o setor de tecnologia e o mercado de ações em geral ficou muito evidente quando as ações da fabricante do iPad caíram 4,1 por cento, na segunda-feira.
Companhia dominante do mercado de ações, a Apple responde por um terço da alta de 20 por cento do setor de tecnologia no índice S&P até o momento neste ano, o melhor desempenho entre os 10 setores do índice Standard & Poors 500 em 2012.
O problema é que o sucesso da empresa pode estar mascarando uma tendência do mercado mais amplo em direção a um crescimento mais lento do lucro. As companhias de tecnologia devem registrar crescimento de 7,5 por cento no lucro no primeiro trimestre, de acordo com estimativas da Thomson Reuters.
Mas se a Apple, que divulgará seus resultados na terça-feira, for excluída, o setor de tecnologia estaria diante de uma queda de 0,3 por cento em seu lucro, de acordo com os dados.
"Parece que a cada trimestre, a cada ano, todos preveem que a tecnologia se sairá muito bem, mas recentemente, sem a Apple, o setor não cumpriria essas expectativas", disse Daniel Morgan, um dos administradores de ativos da Sinovus Trust Company, de Atlanta, que detém 30 mil ações da Apple.
Os resultados trimestrais apresentados até o momento por grandes empresas de tecnologia pouco fizeram para inspirar Wall Street. O Google anunciou resultados que confirmavam projeções, na semana passada, e os resultados da IBM e da Intel, anunciados na noite de terça-feira, não resultaram em uma onda de compras. As ações das três companhias fecharam em baixa na quarta. Restam surgir os resultados da Microsoft, na quinta-feira, e os da Texas Instruments, na segunda-feira.
Além do lucro, outro indicador crucial de desempenho são as margens de lucro de uma empresa, que indicam a medida de controle que ela exerce sobre seus custos. As margens de lucro são maiores na tecnologia que nos demais setores do S&P 500, mas boa parte dessa vantagem também se relaciona à Apple.
No primeiro trimestre, a margem de lucro do setor de tecnologia foi estimada em 17 por cento, mas cairia a 15,7 por cento se a Apple fosse excluída de acordo com dados da Thomson Reuters, o que derrubaria a tecnologia ao segundo posto nesse quesito, atrás dos serviços financeiros. Acontece algo parecido com receitas. O crescimento do setor de tecnologia é estimado em 6,7 por cento, mas, excluindo a Apple, essa alta deve ser de 2,3 por cento, segundo dados da Thomson Reuters.
As ações da Apple representam 4,5 por cento do índice S&P 500, um patamar que não era visto desde 2009, quanto a Microsoft possuía 4,9 por cento.
É difícil negar que a ação da Apple representa um ativo misto. É muito valioso para não ter, o que cria um risco caso seu crescimento impressionante eventualmente minguar. "A Apple meio que nos liderou até este ponto", disse Morgan. "A questão é: algum dos outros nomes começará a avançar se a Apple não se sair tão bem?".
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