Agora é oficial: no dia 5 de julho de 2021, Jeff Bezos vai deixar o cargo de CEO da Amazon, o qual ocupa desde o início da história da empresa. A data é especial, pois marca o aniversário de 27 anos da fundação e da incorporação da gigante — e uma transição que representa mais do que somente uma nova figura na cadeira da gerência.
Durante a última conferência de Bezos com investidores, realizada na quarta-feira (26), alguns detalhes do trabalho do novo CEO foram destacados. E isso indicou que o escolhido, Andy Jassy, terá bastante trabalho pela frente, independentemente da linha que seguir no cargo.
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Um futuro sem Bezos
Talvez a maior questão seja que a própria Amazon nunca viveu um dia sem Bezos como CEO. É verdade que o fundador ainda terá relevância nas decisões, mas deve participar menos pelo envolvimento em outros setores, já que vai dedicar o tempo a fundos de investimento e projetos paralelos, como a empresa de exploração espacial Blue Origin e o jornal The Washington Post.
Bezos e o Blue Moon.Fonte: Blue Origin
E o trabalho dele não foi pouco, pois foi o responsável não apenas por criar um comércio eletrônico nos primórdios da internet comercial, mas também por diversificar os negócios ao longo dos anos. No período atual, teve que lidar com um crescimento repentino de demanda em entregas e serviços online por causa da pandemia, além de deixar como última ação a aquisição do estúdio MGM para turbinar o setor cinematográfico da gigante.
A "era Jassy"
Independentemente da capacidade que Jassy demonstrou ter, ao menos no cargo anterior, seu primeiro desafio será superar uma desconfiança natural. Afinal, trocas de CEOs com grande tempo no cargo não são muito bem recebidas por parte do público, como Tim Cook na Apple e Sundar Pichai no Google, que são alguns exemplos recentes — mas a desconfiança tende a ir embora com o tempo.
Andy Jassy, novo CEO da Amazon a partir de junho.Fonte: Amazon
E Bezos é só elogios ao substituto. "Ele tem o mais alto dos altos padrões, e eu garanto que Andy nunca vai deixar o universo nos manter comuns. Ele tem a energia necessária para manter vivo em nós aquilo que nos fez especiais", afirmou o executivo.
E o que o novo gerente executivo acredita que torna a Amazon especial? Ainda não é possível saber, mas o setor de serviços web deve crescer ainda mais na empresa. A Amazon Web Services (AWS), que concentra as soluções em nuvem da empresa, já é bastante importante — de acordo com o último relatório trimestral, cresceu 28% em receita, chegando a US$ 12,7 bilhões em arrecadação e representando 10% de todos os ganhos da empresa. Porém, a atuação majoritariamente B2B faz que parte do público não conheça as ações da divisão.
Você ainda vai ver muito essa sigla por aí.Fonte: Amazon
Vale lembrar que essa não é a primeira vez que algo assim acontece: em 2014, a Microsoft apontou como CEO o vice-presidente do setor de computação em nuvem, Satya Nadella, em uma ação que tem apresentado resultados cada vez melhores, inclusive — mas não somente — com a plataforma Azure.
Outro ponto é que a Amazon deve tentar cada vez mais se estabelecer como uma empresa de tecnologia, deixando para trás outros rótulos que já acumula, desde livraria online até gigante do varejo. A saída de Bezos pode ser considerada uma "virada de página" nesse rumo.
Ninguém disse que seria fácil
Jassy até pode privilegiar um setor, mas terá que cuidar de uma empresa muito maior, com mais divisões relevantes e acúmulo de problemas. Para começar, os acionistas devem estar empolgados com a boa fase, e a empresa não pode desacelerar, o que significa que a adaptação precisa ser rápida.
Além disso, a concorrência está muito acirrada nos setores que a companhia já ocupa ou deseja ocupar. Varejo, serviços em nuvem, inteligência artificial, streaming de vídeo e outros segmentos são bastante disputados, e a compra da MGM para ampliar portfólio e adquirir experiência na indústria prova que a Amazon ainda precisa se acertar em alguns pontos.
Amazon.Fonte: Amazon
E o CEO terá muitos problemas para resolver: só entre as pendências mais importantes, há diferentes questões sociais e trabalhistas envolvendo funcionários dos mais diversos setores, fora a investigação antritruste movida pelo Congresso dos Estados Unidos contra as gigantes da tecnologia.
O mais curioso dessa história? O próprio Bezos afirmou na reunião que nem tudo vai dar certo nos projetos futuros ou já em andamento sem ele. Só que isso não é o futuro ex-CEO sendo pessimista ou desejando o mal para o sucessor. "Toda nossa história como uma companhia envolve arriscar; muitos riscos deram errado e muitos ainda darão, mas vamos continuar arriscando alto", disse. Para a Amazon, aparentemente, vale o lema de que só erra quem pelo menos tenta.
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