1. Segurança
Dinheiro é coisa séria, e quem cuida do seu deve investir em segurança. Se seu banco ou sua fintech gastam mais com publicidade e anúncios engraçados do que com segurança, você deve se preocupar. Outra dica é pesquisar quem faz o atendimento (inclusive no LinkedIn) e avaliar se você sente credibilidade nas pessoas com quem lida.
2. ESG
ESG é um conceito que vem ganhando muita força no Brasil e no restante do mundo. Para quem não conhece, é um conjunto de boas práticas ambientais, sociais e de governança que a empresa escolhe se adota ou não. Seu banco ou sua fintech deve ter um papel extremamente relevante no mercado e na comunidade em que atua, pois cada vez mais pessoas pautam suas escolhas de consumo focadas em sustentabilidade e princípios.
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3. Praticidade
Começou com "este formulário é tão rápido quanto pedir uma pizza" e 15 minutos depois você está no meio de um questionário interminável, com um monte de informações desnecessárias e com solicitação de vários documentos sobre os quais você nunca ouviu falar? Pode correr, porque é uma cilada...
Se é burocrático ou tem pegadinha logo no início, tende a ser assim durante todo o relacionamento com a empresa. Um banco digital deve oferecer praticidade, comodidade, agilidade e muito menos burocracia.
4. Custo
Qualquer serviço que se proponha a ser novo e inovador deve ser mais barato do que o anterior. Tenho bastante convicção nesse ponto. O conceito de “mais barato”, todavia, precisa ser sempre avaliado.
Avalie as letras miúdas, os custos acessórios e o nível de energia que você precisa colocar para obter um serviço
O “banco tradicional” — em que você tem que ir até a agência, pagar gasolina, estacionamento, fazer seguro de vida, obter um título de capitalização, pagar taxas de abertura de conta e comprar serviços de que você não precisa e que deveriam ser de graça (como “seguro da conta”) — é cheio de pegadinhas e de preços ocultos.
Portanto, não olhe apenas a mensalidade oferecida, e sim tudo o que você efetivamente vai pagar. Fazer contas é essencial para escolher a melhor opção.
5. Disponibilidade e ótimo atendimento
Seu banco atende somente das 10h às 16h, presencialmente ou por telefone (e você precisa ficar 1 hora na linha para resolver algo simples)? A maioria das pessoas que eu conheço trabalha justamente no horário comercial e, para usar serviços bancários, precisam sacrificar seu horário de almoço para resolver problemas.
Seu banco ou sua fintech precisam estar disponíveis e ajudar a resolver os problemas de maneira rápida, conveniente e simples
Eu adoro autosserviços (em que você resolve tudo pelo aplicativo ou site), e normalmente eles me atendem muito bem.
Em contrapartida, para operações mais sensíveis — como envio de dinheiro, serviços que envolvem comprometimento da renda ou coisas que não conheço ou nunca contratei antes —, gosto sempre de falar com alguém do outro lado, por telefone, chat ou e-mail.
Acho essencial que a fintech tenha um atendimento imediato, excelente e simples. Assim, resolvo o que preciso e posso voltar para as coisas importantes do meu dia.
6. Foco no cliente
“Banco Azul bateu recorde de lucro no trimestre”, “Banco Vermelho demite x% dos gerentes” (e não investe em tecnologia ou soluções para o cliente), “Banco Laranja processa clientes que receberam valores errados no Pix”. Esse tipo de notícia é bastante comum e retrata bem onde está o foco dos bancos tradicionais. É bem raro ver anúncios de bancos falando sobre investimentos em seus clientes. Já parou para pensar?
O tal “foco no cliente” é muito mais do que somente fazer uma campanha bonita no intervalo do Campeonato Brasileiro
É baixar a taxa de juros, isentar o cliente de tarifa, é investir em um aplicativo decente, é melhorar o atendimento e o relacionamento com o cliente, é investir em pessoas.
Muitos serviços de fintechs não são perfeitos no começo, mas elas ouvem os feedbacks e evoluem rápido para satisfazer suas necessidades. E com o tempo superam, e muito, as empresas tradicionais. Como qualquer relacionamento, aposte em quem ouve suas demandas e faz tudo por você.
Pesquisar, comparar e ouvir
Escolher um banco digital ou uma fintech é algo cada vez mais simples — e complexo ao mesmo tempo. Mudar nunca foi tão fácil, mas nunca tivemos tantas opções. Pesquisar, comparar, ouvir especialistas e testar é fundamental.
Não se contente com o “mais ou menos” e lembre-se: você é o cliente, portanto é a estrela do jogo. Se seu banco o trata mal ou você está infeliz, o errado é ele, e existem muitas empresas loucas para conhecer você.
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Paulo David, colunista quinzenal do TecMundo, é fundador e CEO da Grafeno, fintech que oferece contas digitais e infraestrutura de registros eletrônicos para empresas e credores; e é sócio do SPC Brasil na construção de infraestrutura para o mercado financeiro. Antes da Grafeno, fundou a Biva, primeira plataforma de empréstimos peer-to-peer do Brasil, que foi adquirida pelo PagSeguro, empresa de meios de pagamentos. Foi superintendente do Sofisa Direto, a divisão digital do banco Sofisa. Atuou no time do Pinheiro Neto Advogados e na equipe da gestora de investimentos KPTL (ex-Inseed Investimentos). É investidor-anjo em fintechs no Brasil e na Europa.