“O bitcoin está subindo” — essa manchete vale para quase qualquer ano desde que ele começou a circular, em 2009. Mas agora parece para valer: nos últimos meses, a criptomoeda disparou e está batendo um recorde atrás do outro.
Ela sempre foi conhecida por ser instável e com poucas aplicações práticas; ou seja, você comprava e não tinha muito o que fazer com ela além de esperar a valorização para vender em alta, como ações mesmo. Só que essa situação aparentemente começou a mudar.
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Em dezembro de 2020, a unidade do bitcoin ultrapassou o valor de US$ 20 mil pela primeira vez na história, segundo dados do Coin Market Cap. Na segunda semana de janeiro, o valor já estava em US$ 41 mil, seguindo uma alta de 400% registrada do começo de 2020 até agora.
Em reais, isso fica ainda mais impressionante: 1 bitcoin equivale, na tarde do dia 9 de março de 2021, a R$ 312 mil. Essa disparada ajudou até o mercado geral das criptomoedas a atingir o total de capitalização de 1 trilhão de dólares pela primeira vez.
Ou seja, ainda existe a variação de preço ao longo dos dias, mas a tendência no fim das contas continua sendo a de crescimento. É importante ressaltar que esta matéria não é nenhum tipo de recomendação para entrar no mercado de criptomoedas. A nossa orientação é para que você se informe bastante antes de qualquer movimentação nesse setor.
Mas o que justifica esse crescimento que parece ter sido do nada? Depois de muita pesquisa, encontramos alguns motivos que explicam essa disparada, cada um com sua contribuição.
Popularização do bitcoin
O primeiro motivo e talvez o mais importante é que agora o bitcoin está mais popular, inclusive e principalmente entre grandes empresas e pessoas que fazem parte do mercado financeiro. A criptomoeda não é mais aquela aposta de quem era mais ousado nem aquele negócio mais obscuro.
O PayPal finalmente cedeu e anunciou que vai adotar transações envolvendo bitcoin, enquanto o banco JPMorgan elogiou a valorização e previu essa popularização. Já a tradicional seguradora norte-americana MassMutual comprou em dezembro de 2020 o equivalente a US$ 100 milhões em bitcoin.
A entrada desses gigantes do mundo financeiro faz aumentar não só a movimentação de dinheiro no setor, mas também a confiança na criptomoeda, já que a autoridade de quem faz esses discursos otimistas é grande e levada em conta. Eles podem estar errados e quebrar a cara no fim das contas? Até podem, mas pelo menos não fica o arrependimento se o preço continuar em alta e eles tiverem ficado de fora.
De olho na inflação
Outro ponto importante é a inflação. A economia mundial vem sofrendo efeitos da pandemia da covid-19, e governos estão correndo contra o tempo com medidas emergenciais para salvar a economia, tentando fazer com que mais dinheiro entre em circulação mesmo em tempos tão difíceis.
No entanto, é claro que isso não é nada fácil com problemas na saúde, na indústria e com um alto nível de desemprego em alguns países. Como consequência dessa alta da inflação, o poder de compra da população cai.
Onde o bitcoin entra nisso tudo? Ele é visto como uma boa alternativa em um momento em que algumas moedas e formas tradicionais de investimento estão desvalorizadas. E a proteção contra a inflação é tida como uma das principais características da criptomoeda, principalmente porque ela tem um suprimento total limitado, que mais ou menos ajuda a deixar o setor nos trilhos.
Superando a barreira da desconfiança
Outro motivo que explica não exatamente a subida, mas por que ela ainda não voltou a cair, é o fator psicológico. A falta de confiança, ou o excesso de desconfiança, era um dos fatores que faziam o bitcoin ser visto como um negócio extremamente arriscado e que não ia disparar como muita gente imaginava.
De fato, o bitcoin não se tornou aquela moeda digital de uso cotidiano que muita gente imaginava que seria, para você pagar coisas por aí usando recursos da carteira virtual. Por outro lado, ela finalmente ultrapassou totais de capitalização significativos, e esse valor está se mantendo alto já por alguns meses. Superada essa barreira, a confiança volta, e os investimentos aumentam.
Halving do bitcoin
Outro motivo é o terceiro halving do bitcoin, que aconteceu em maio de 2020. Foi a terceira vez que a criptomoeda passou por um processo automático no seu algoritmo que reduziu a entrada de novas unidades no mercado, diminuindo a recompensa por quem faz a mineração.
Nas outras duas vezes (2012 e 2016), ocorreu uma alta na cotação durante pelo menos 1 ano. E ele é diferente do fork, que é processo de bifurcação que resulta na criação de uma nova criptomoeda e parte de uma decisão da comunidade.
Você já deve ter ouvido falar disso: o bitcoin tem uma espécie de limite máximo que está atualmente estabelecido em 21 milhões de unidades, sendo que o total atual no mercado, circulando mesmo, está mais ou menos na casa de 18,5 milhões de bitcoins.
Vale lembrar que esse valor é bastante fracionado; você não precisa comprar exatamente 1 bitcoin, e sim frações da moeda. Além disso, o processo de obtenção de novos bitcoins sem precisar da compra, que é o processo de mineração, está cada vez mais complicado e caro, o que reduz a geração de novos blocos.
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