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Google beneficiou publicidade digital do Facebook em acordo secreto

Enquanto empresas davam lances 'no escuro' por espaços de divulgação, rede social recebia vantagens sigilosas e permanecia à frente da concorrência

em 25/01/2021, 17:00
Google beneficiou publicidade digital do Facebook em acordo secreto

Fonte:  Unsplash 

Imagem de Google beneficiou publicidade digital do Facebook em acordo secreto no tecmundo

Uma matéria publicada pelo The New York Times revela informações exclusivas a respeito de um suposto acordo entre o Facebook e a Google que teria concedido vantagens substanciais a ambas às companhias no mercado de publicidade digital. 

As evidências da existência de algo do tipo estão contidas em um processo antitruste movido contra a Gigante das Buscas por 10 procuradores dos Estados Unidos, apresentado ao tribunal federal do Texas.

De acordo com os documentos, em 2017, a rede social divulgou o início de testes de uma nova plataforma dedicada à área que ameaçaria a hegemonia do buscador. Menos de dois anos depois, teria desistido da empreitada e se juntado a uma aliança que o apoiava. 

O motivo não foi revelado, mas executivos de seis parceiros do grupo indicaram tratamento desigual – e, falando sob condição de anonimato, deram ênfase à disparidade existente entre eles e a empresa de Mark Zuckerberg

Até então, não sabiam, exatamente, o que se passava.

Rede social desistiu de plataforma de publicidade online e aderiu à da concorrente.Rede social desistiu de plataforma de publicidade online e aderiu à da concorrente.

Contexto e decisões

Segundo os novos dados, as duas gigantes estabeleceram uma parceria sigilosa batizada de "Jedi Blue", relacionada a um segmento chamado publicidade programática – que arrecada centenas de bilhões de dólares em receita global a cada ano por meio de compra e venda de espaços na internet, aponta o jornal. 

Tais leilões ocorrem nos milissegundos entre o clique do usuário e sua chegada ao site, determinando quem ocupará qual espaço nos campos de anúncios disponíveis – e a Google dominava o cenário.

Para lutarem contra essa liderança, diversas empresas se voltaram a um método chamado header bidding, adotado por 70% dos criadores de conteúdo. Com ele, vários lances eram feitos de uma vez, aumentando as chances de compras. 

Temendo isso, a gigante lançou o Open Bidding, que oferece outras facilidades a quem opta pela ferramenta. O Facebook tinha planos de aderir ao primeiro – mas, do nada, escolheu o segundo. Os documentos explicam o porquê.

Mercado de publicidade digital movimenta centenas de bilhões por ano.Mercado de publicidade digital movimenta centenas de bilhões por ano.

Vantagens indevidas

Informações especiais e vantagens de velocidade estavam entre as cláusulas do acordo para que a rede social não se tornasse concorrente direta da Google. O problema dessa história é que apenas ela teria recebido tais benefícios, em detrimento de outros parceiros do Open Bidding. 

Por exemplo, enquanto todos tinham apenas 160 milissegundos ou menos para disputar por um espaço, o Facebook contava com 300, o que garantia uma análise mais acertada das aquisições que fazia.

E mais: as relações de cobrança estavam nas mãos da empresa. O Facebook sabia exatamente quais eram os lances disputados, e os outros não tinham noção alguma disso, já que a Google erguia barreiras entre os envolvidos nos processos. 

Aliás, a Google cedia também a identificação de 80% dos usuários móveis e 60% do público da web que recebia os anúncios do Facebook, algo não fornecido aos demais, que gastavam "no escuro."

Tratamento desigual deixava empresas "no escuro".Tratamento desigual deixava empresas "no escuro".

Balança desregulada

Ainda nesse caso, em contrapartida, o Facebook prometeu dar lances em 90% dos leilões quando pudesse identificar o usuário final e gastar até US$ 500 milhões por ano até o quarto ano do acordo, exigindo, também, que algoritmos não fossem manipulados a seu favor. Por fim, existe a alegação de que as duas empresas haviam predeterminado que o Facebook ganharia uma porcentagem fixa dos leilões em que licitou. 

"Sem o conhecimento de outros participantes do mercado, não importa o quão alto sejam os lances. As partes concordaram que o martelo cairá em favor do Facebook um determinado número de vezes", afirma o processo.

Pesa, também, o fato de que uma das cláusulas do acordo previa que as duas empresas ajudassem uma à outra em eventuais investigações de concorrência desleal. Parece que o momento chegou.

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