A jornalista Zhang Zhan, de Xangai na China, foi condenada nesta segunda-feira (28) a quatro anos de prisão, devido à sua reportagem investigativa na cidade de Wuhan, no início do surto de covid-19. A acusação foi a de “provocar distúrbios”, quando divulgou nas redes sociais imagens da situação caótica dos hospitais da região que foi o epicentro da pandemia mundial.
Ao denunciar a versão oficial do governo chinês, que sempre insistiu no sucesso de sua condução da crise que em um ano paralisou o planeta, a jornalista foi presa em maio, e, no mês seguinte, decidiu iniciar uma greve de fome em protesto contra sua detenção, mas foi alimentada à força por uma sonda.
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A defesa da repórter afirma que Zhan está sendo silenciada pelo governo chinês, mas as autoridades alegam que a repórter foi responsável por “espalhar desinformação” sobre a conduta das autoridades durante os trabalhos de contenção do vírus.
Aos jornalistas estrangeiros presentes no tribunal, mas impedidos de entrar na sala de audiências, o advogado Ren Quanniu afirmou que Zhang Zhan “parecia muito abatida quando a sentença foi anunciada”. Segundo o profissional, sua cliente expressou muita preocupação, acreditando até que pode morrer na prisão.
Fonte: AFP/YouTube/ReproduçãoFonte: AFP/YouTube
O começo da pandemia
De acordo com os números oficiais divulgados pelo governo chinês, dos 11 milhões de habitantes de Wuhan, 4 mil morreram devido à covid-19, ou seja, a maior parte dos óbitos registrados no país entre janeiro e maio. No entanto, Pequim somente decretou a quarentena na metrópole e sua região no dia 23 de janeiro, embora a detecção do vírus tenha ocorrido no início de dezembro de 2019.
Quando os médicos locais alertaram para o surgimento de um misterioso vírus, foram detidos pela polícia, interrogados e acusados de “propagar boatos”. O dr. Li Wenliang, oftalmologista do hospital central da cidade e primeira pessoa a lançar um alerta sobre a pandemia, acabou morrendo da doença no dia 7 de fevereiro.
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