As peças no tabuleiro onde está sendo decidida a situação da Huawei na guerra comercial com a China devem ser as mesmas, mas as táticas desse jogo devem mudar com a chegada do presidente eleito Joe Biden à Casa Branca, em 20 de janeiro.
Em entrevista ao jornal Financial Times, o analista do Eurasia Group Paul Triolo disse ser improvável que o democrata eleito vire o tabuleiro e mude de jogo. “Biden provavelmente vai ouvir o argumento de que, indo atrás da Huawei, ele vai prejudicar as empresas americanas ao encorajar a China a desenvolver seus próprios produtos”, disse ele, lembrando, que o então candidato prometeu forçar o país a “obedecer às regras internacionais”.
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O presidente chinês Xi Jinping, em visita aos EUA, é recebido pelo então vice-presidente Joe Biden na Base Aérea de Andrews, em 2015.Fonte: AP/Carolyn Kaster/Reprodução
Muitos acreditam que, ao contrário da cartilha truculenta seguida por Donald Trump. Biden escolha vincular comércio, diplomacia, tecnologia e mesmo questões como a crise do clima a uma política mais coerente em relação à China, o que daria alívio não somente à Huawei como a outras empresas chinesas e fornecedores americanos.
Pária no 5G
É quase certo que Biden revogará boa parte das medidas assinadas por Trump, mas não àquelas em relação à China. O presidente eleito disse, no passado, concordar com a proibição do uso de equipamentos de rede da Huawei.
Ao sentar à mesa de negociações, os EUA terão olhando sobre seus ombros tanto países que seguiram Trump nas restrições à gigante chinesa (Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e Índia) como empresas americanas (Google e Qualcomm à frente).
Para a Huawei, deixar de ser um pária faria com que ela voltasse a ser considerada nos leilões do 5G – metade de sua receita provém desse segmento. Mesmo que fique tentada a se aproximar de Joe Biden agora, ainda terá que lidar com Trump no Salão Oval por dois meses.