Empresas chinesas expressaram preocupação pelas consequências da aquisição da ARM pela Nvidia. A negociação avaliada em US$ 40 bilhões desperta atenção da concorrência no mercado chinês, que pressiona a “State Administration for Market Regulation”, o órgão responsável pela regulação comercial.
Um grupo composto pelas empresas mais influentes do país — incluindo a Huawei — está cobrando revisões dessa negociação ao órgão regulatório, seja a rejeição da negociação, ou a imposição de condições para garantir livres negociações com a ARM e ter acesso a tecnologia da empresa.
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O medo parte da atual tensão comercial entre a China e os Estados Unidos. Nvidia, originada na Califórnia, pode ser obrigada a atender às demandas de Donald Trump (ou do próximo presidente eleito) e cessar o compartilhamento de tecnologias da ARM (atualmente uma empresa britânica) com as empresas chinesas. Da mesma forma, assim que finalizada a aquisição, a ARM estará sob a jurisdição norte-americana, o que pode resultar na restrição do uso da tecnologia da empresa.
Por outro lado, e contrariando analistas de mercado, a Nvidia afirma que a tecnologia ARM não será exclusiva da marca — pelo menos não por propósitos comerciais — e anunciou que manterá o modelo de licenciamento aberto e neutralidade com os clientes existentes, o que incluem as empresas chinesas.
“Eu duvido que a China permitiria isso (a negociação) facilmente, considerando que o permitir o controle da Nvidia sobre a ARM poderia prejudicar o acesso da Huawei ao design de chips da companhia britânica”, comenta a analista da Bloomberg Anthea Lai.
Movimentação ainda sem efeito
Contactada pela Bloomberg, um representante da Huawei se negou a comentar sobre o assunto. O órgão regulatório chinês também não atendeu às ligações e tentativas de contato. A Nvidia, por sua vez, reiterou comentários anteriores do CEO Jensen Huang, que expressou confiança de que a negociação será aprovada.
Mesmo que o licenciamento do modelo de processadores ARM siga sem interferência da relação turbulenta entre EUA e China, é provável que os próximos lançamentos e inovações proporcionadas pela união com a Nvidia não alcancem empresas da China. Ainda é cedo para supor os desdobramentos dessa negociação — que durará cerca de 18 meses. Até lá, a compra passará pela aprovação regulatória dos EUA, Reino Unido, União Europeia e China.