Em um novo capítulo da batalha contra a taxa de 30% cobrada pela Apple sobre os rendimentos gerados pelos aplicativos comercializados na App Store, um grupo de desenvolvedores ressaltou supostas controvérsias nas diretrizes da empresa. Em carta aberta, o Developers iA, cuja clientela é composta de nomes como Nikkei, Vogue e Red Bull, acusa a Maçã de tratamento desigual e diz que as imposições mudam conforme os interesses da companhia.
Segundo eles, as exceções começaram a partir do momento em que, nas regras, foi inserida a categoria de aplicativos de leitura, na qual se encaixam aqueles que podem realizar vendas fora da plataforma sem pagar a taxa, algo proibido para a maioria. A medida só teria sido tomada porque a Apple depende de gigantes como a Netflix, que nunca concordariam com a cobrança.
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Outro exemplo citado é o acordo entre Jeff Bezos e Eddy Cue, que permitiu que a Amazon vendesse livros em seu próprio site e que um aplicativo os reproduzisse por metade dos custos normais. Indo além, tecnicamente, haveria uma diferença em como a Apple trata produtos físicos e digitais, e os desenvolvedores citam que academias que oferecem aulas em seus estúdios estão livres do "pedágio", o que muda se distribuírem aulas por vídeo. Entretanto, o mesmo não ocorre com a Uber, visto que, apesar de se declarar totalmente digital, não dedica parte dos valores das corridas para a Maçã.
De acordo os profissionais, tais empresas precisam da Apple tanto quanto a Apple precisa delas. O resto? 30%.
Companhia alteraria diretrizes de acordo com os próprios interesses.Fonte: Reprodução
Liberdade de mercado
Complementando os exemplos, o grupo mostrou uma aparente relação de simbiose que não contempla todos os parceiros, citando entre os privilegiados o Facebook e o Instagram, que podem comercializar anúncios dentro de aplicativos para iOS sem pagar qualquer taxa semelhante. Tudo isso, afirma o Developers iA, é prova de que produtos digitais e físicos não são necessariamente tratados como deveriam. Ao menos não todos.
Em tese, os descontentes poderiam simplesmente deixá-la de lado e focar outras plataformas. Entretanto, isso não é tão simples, como afirma a carta: "Apesar de sua pequena participação de mercado de 13%, o iPhone tem uma vantagem econômica que cria uma dependência para cada empresa de TI que vende produtos físicos ou digitais pela internet. A Apple tem, sem dúvida, um monopólio. Não é definido em participação de mercado, mas em participação na receita".
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