Muito antes de a Epic ser expulsa pela Apple por violar as regras da App Store e lançar uma agressiva campanha midiática contra a taxa de 30% cobrada pela gigante de tecnologia, grandes empresas começam a mostrar à Apple que esse percentual é abusivo e que, com certeza, isso tem que acabar. A última delas foi o Facebook.
A rede social está lançando ferramentas para que donos de páginas promovam eventos pagos. A presidente do Facebook App, Fidji Simo, explica: "pedimos à Apple que reduzisse seu imposto de 30% na App Store ou nos permitisse oferecer o Facebook Pay para que pudéssemos absorver todos os custos [...] durante a pandemia. Infelizmente, eles rejeitaram nossos pedidos". É assim que o Facebook está anunciando a seus usuários a postura da Apple.
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À esquerda, a mensagem que o Facebook mandará a todos os usuários Apple que usarem seu sistema de eventos online pagos.Fonte: Facebook/Divulgação
Chega
A postura do Facebook é um indicativo, como dizem os americanos, de que enough is enough. A empresa de Zuckerberg jamais comprou briga com a Apple, como o fizeram o serviço de mensagens instantâneas Telegram e o de e-mails pagos HEY, ambos com processos abertos na União Europeia, alegando práticas anticompetitivas.
O caso da HEY, um serviço lançado pela Basecamp em junho, é ainda mais escandaloso. A versão para iOS foi inicialmente aprovada pela Apple; porém, o cofundador e diretor de tecnologia da Basecamp, David Heinemeier Hansson, foi surpreendido ao descobrir que não poderia atualizar ou mesmo corrigir bugs no próprio aplicativo, a não ser que adicionasse uma opção para os usuários assinarem o serviço por meio de uma compra no aplicativo (com a usual taxa de 30% para a Apple).
Wow. I'm literally stunned. Apple just doubled down on their rejection of HEY's ability to provide bug fixes and new features, unless we submit to their outrageous demand of 15-30% of our revenue. Even worse: We're told that unless we comply, they'll REMOVE THE APP.
— DHH (@dhh) June 16, 2020
Soma recorde
Assim que a Epic fez sua jogada, o Spotify a apoiou – ele é um dos autores de dois processos que levaram a Comissão Europeia a abrir investigações antitruste contra a App Store da Apple e seu sistema de pagamento Apple Pay. Spotify e o braço europeu da plataforma de e-books Kobo alegam que a Apple cobra os 30% sobre cada assinatura feita, ao mesmo tempo que promove seu próprio serviço de livros digitais e de música.
Estima-se que as taxas globais da Apple Store gerem mais de US$ 1 bilhão para a empresa mensalmente. Somente no primeiro dia deste ano, usuários Apple gastaram a soma recorde de US$ 386 milhões na loja de apps, fazendo com que a empresa faturasse US$ 115,8 milhões.
"Quem se importa se a Apple leva de desenvolvedores de software 30% de sua receita, ameaçando destruir seus negócios? Até agora, não houve nenhuma consequência! A maioria dessas empresas morreu silenciosamente ou então faliu. Nós, não. Não há a menor chance de pagarmos o resgate da Apple. Eu mesmo vou queimar tudo isso antes de permitir que mafiosos o levem", disse Hansson no Twitter.