Nesta quarta-feira (27), a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) realizou uma audiência pública para discutir os impactos da implantação da tecnologia 5G no Brasil. Os debates foram marcados por três pontos principais: a segurança tecnológica, sobretudo em relação aos dados dos usuários, a necessidade de agilizar a publicação do edital do leilão da faixa de espectro destinada ao 5G e a interferência que a nova rede pode causar no sinal de TV proveniente das antenas parabólicas. Esses aspectos, se não resolvidos, podem se tornar as maiores “pedras no sapato” da chegada do 5G ao nosso país.
Segurança
Para Marina Pitta, Relações Institucionais do Coletivo Intervozes, seria importante valorizar empresas com produção e tecnologia brasileira. Pitta citou o vazamento de informações da NSA como exemplo de que a falta de segurança não pode ser atrelada à empresa “A” ou “B”, com sede em país “X” ou “Y”. Ela ainda disse que as empresas multinacionais sozinhas não poderão garantir a expansão das vagas de empregos no Brasil.
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Atilio Rulli, diretor sênior em governo e relações públicas da Huawei do Brasil, destacou o tempo de atividade da empresa em solo nacional e o fato da companhia ser líder em tecnologia 5G, assim como seu exclusivo preparo na questão na segurança.
Edital do leilão da faixa 5G
O edital do leilão da faixa de espectro para o 5G ainda está em análise pelo conselho diretor da Anatel. A última reunião do conselho será no dia 12 de dezembro, o que pode fazer com que um parecer final sobre o edital só venha a acontecer em 2020. O texto do edital ainda passará por uma consulta pública de no mínimo 60 dias, sendo necessária uma análise de até 150 dias por parte do TCU.
O edital das faixas do 5G deverá obedecer ao princípio da neutralidade tecnológica, que permite que todos os fabricantes possam participar da implementação da tecnologia.
Veja também: 5G: Anatel diz que será 'neutra' em decisão de fabricantes
Interferência das TVs parabólicas
As faixas de frequência do 5G interferem no sinal de TV proveniente de antenas parabólicas, que representa 33% dos domicílios brasileiros com sinal de TV, ou 22 milhões de residências.
Para resolver o problema, o representante da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel), Wender Souza, sugere a migração do sinal da banda C para a banda Ku, o que só seria possível com a distribuição de kits com um novo receptor para, no mínimo, 50% dos usuários, classificados como de baixa renda. O custo total para essa migração ficaria em torno de R$ 2,9 bilhões.
Segundo Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm para a América Latina, se a implantação do 5G atrasar no Brasil, o desenvolvimento da nossa indústria 4.0 (indústrias com capacidade de produção diferente da linha de montagem tradicional) será fortemente impactado.
Fontes