No último dia 12 de setembro, o CEO do Google, Sundar Pichai, anunciou a maior compra de energia renovável da sua história. Menos de um mês depois, matéria do jornal inglês The Guardian mostra que a empresa contribui regularmente (e muito) para grupos conhecidos por sua recusa em aceitar as mudanças climáticas, trabalhando contra uma legislação que combata os efeitos da ação humana no clima e pela reversão das proteções ambientais da era Obama.
Um deles é o Instituto de Empresas Competitivas (CEI, sigla em inglês), cujo histórico em negar a crise climática é notório. Para o Google (e outras empresas), financiar esses grupos não tem nada a ver com o meio ambiente; é uma forma de proteger a pouco conhecida seção 230 do Ato para a Decência nas Comunicações – e isso representa bilhões para todas essas companhias.
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A lei, aprovada em 1996, foi a primeira tentativa do Congresso americano de regulamentar o material pornográfico publicado na internet, ainda em sua infância. Pelo que determina a seção 230, as empresas têm imunidade legal no caso de comentários feitos por terceiros (elas são consideradas distribuidoras de conteúdo e não, editoras). Isso protegeu Google, Facebook e outros de processos por difamação – risco que correm jornais e revistas. O que parece um paradoxo tem apenas uma razão: o Google trabalha em causa própria.
Dinheiro para todos
O CEI já esteve ao lado do Google antes, quando defendeu a empresa contra as alegações de republicanos de que os algoritmos de seu buscador levavam a pesquisas com um viés anticonservador. Segundo um porta-voz do Google, a empresa patrocina organizações que defendem "políticas tecnológicas fortes" (a Amazon também financiou um evento do CEI, segundo divulgado pelo jornal New York Times).
Já existe um movimento republicano dentro do Congresso americano que acredita ser hora de revisar as regras. A defesa do CEI veio rápida: o grupo pediu a proteção da seção 230, dizendo que ela havia criado "novas plataformas para o discurso conservador."
O Google se recusou a responder às perguntas do Guardian sobre o assunto.
Fontes