A situação da Oi, como se fosse possível, agravou-se na última semana, com a divulgação do resultado da empresa no segundo trimestre do ano e de um diagnóstico apresentado à cúpula da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A empresa teria dinheiro somente até fevereiro de 2020, se nada mudar.
Em seu balanço trimestral, a operadora registrou números quase todos no vermelho. Em relação ao mesmo período de 2018, o prejuízo foi de 24% (totalizando R$ 1,559 bilhão), com uma receita 8,2% menor e uma dívida 26,6% maior (hoje, está em R$ 12,573 bilhões).
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A análise apresentada na reunião com a cúpula da Anatel foi o sinal de alerta: se a Oi não reagir, é altamente provável as operações serem interrompidas por falta de caixa, o que pode levar a um grande prejuízo no sistema de telecomunicações: mais de três mil municípios são atendidos apenas pela telefonia fixa da operadora.
Diante desse cenário, três caminhos se encontram abertos: tomar de volta a concessão de telefonia fixa da Oi; buscar uma nova empresa para assumir o contrato; e a intervenção – que teria como objetivo “proteger o caixa para manter” a operação de telefonia fixa. Neste último caso, a Anatel determinaria um interventor, que fixaria metas e afastaria os atuais administradores da operadora.
Intervir em uma empresa em recuperação judicial pode representar, para o governo, ter que pagar sua dívida bilionária. Dentro da Anatel, do Ministério da Economia e do próprio mercado, é consenso de que uma intervenção só beneficiaria os acionistas.
A intervenção pode ser uma ótima saída para o acionista que não quer mais ficar com a Oi
Como a empresa já está sob recuperação judicial, um interventor teria que decretar a sua falência. “A intervenção pode ser uma ótima saída para o acionista que não quer mais ficar com a Oi. Vai entrar em disputa judicial contra a Anatel e a União, alegando que a falência da empresa foi provocada pelo Estado, e por isso terá que ser indenizado em muitos bilhões”, avalia um analista.
Presidente do Conselho é destituído
Na sexta-feira (16), o presidente da Anatel, Leonardo de Morais, negou a intenção de intervir na operadora. Para resolver o problema imediato de falta de caixa, são três as opções: a Oi se endivida mais e vai atrás de recursos do mercado; seus acionistas aumentam o capital da empresa, injetando recursos próprios; ou ninguém faz nada e espera-se por novos investidores.
A Anatel também olha para o Conselho de Administração, que aprovou para si e para os diretores da empresa um aumento de mais de 100%. O fundo GoldenTree Asset Management, que detém quase 15% da Oi, pediu nesta segunda-feira (19) a saída do presidente Eurico Teles (o próximo presidente já foi até escolhido: vai ser Rodrigo Abreu, ex-TIM).
Além de todos esses problemas, a empresa vai precisar devolver R$ 4,5 bilhões aos seus acionistas a partir de fevereiro de 2020 – mais um “a pagar” em uma lista que parece não ter fim.
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