A Netflix vem tentando diminuir um pouco a distância dos serviços de streaming com as tradicionais salas de cinema nos últimos anos. Além de enfraquecer a resistência aos novos formatos de distribuição e produção de conteúdo, essa pode ser uma boa forma de se aproximar da própria comunidade de criadores — vale lembrar que Steven Spielberg e o Festival de Cannes são contrários à inclusão dessas atrações em mostras competitivas.
Sala com tema faraó sediou o primeiro filme de Hollywood em 1922
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Um dos passos nesse sentido pode ser a aquisição do famoso Teatro Egípcio, pertencente à organização cultural independente e sem fins lucrativos Cinemateca Americana. Assim como toda entidade semelhante, ela sofre para manter a sala de exibição e a injeção de verba da Netflix poderia revitalizar o espaço, que fica na Hollywood Boulevard, em Los Angeles.
Fonte: Oregon Encyclopedia
Construído por Sid Grauman no início da década de 1920, o anfiteatro com tema faraó sediou a estreia do filme mudo “Robin Hood”, o primeiro longa de Hollywood, em 1922. Fundada em 1981, a Cinemateca Americana realizou a última reforma na fachada do Teatro Egípcio em 1998, com o custo de US$ 12,8 milhões.
Quer dizer então que a Netflix vai entrar no mercado das salas de exibição?
Não é bem assim. Nos corredores da indústria, essa manobra estaria muito mais atrelada à “política de boa vizinhança” que o serviço de streaming vem alimentando do que exatamente uma estratégia competitiva para dominar o mercado.
Aquisição está mais atrelada a uma “política de boa vizinhança” com a comunidade de cinéfilos em Hollywood
Vale destacar que esse acordo vem sendo costurado justamente em um momento em que a Netflix se associa à Motion Picture Association of America (MPAA) e com seu filme de maior sucesso até hoje, “Roma”, vencendo três Oscars, incluindo o de “Melhor Diretor” para Alfonso Cuarón. A aquisição estaria muito mais atrelada ao bom relacionamento com a comunidade de cinéfilos de Hollywood, ajudando a preservar uma longa tradição.
Com relação à programação, a Netflix seria responsável pelos dias de semana, enquanto a Cinemateca faria exibições, palestras e festivais ocasionais às sextas, sábados e domingos, de maneira autônoma. Há a possibilidade de expansão com a chegada de mais recursos financeiros e a plataforma de streaming pode também realizar eventos para lançamentos especiais.
Fonte: Cinemateca Americana
Caso seja fechada a compra, isso não deve ter impacto com o relacionamento que a Netflix já possui com redes independentes, a exemplo das salas Landmark e Ipic. O negócio ainda não foi fechado e deve consumir algumas dezenas de milhões de dólares — além disso, há questões envolvendo aluguel e permissões do imóvel.
Fontes