Em outubro do ano passado, a Google se viu em maus lençóis após uma extensa reportagem do The New York Times revelar casos de “conduta sexual imprópria” no alto escalão da empresa. O caso ganhou ainda mais repercussão porque a mesa diretora estaria ciente de todos os supostos abusos e ainda assim “passou o pano” para Andy Rubin, criador do Android, e Amit Singhal, um dos responsáveis pelo famoso buscador, pagando a ambos somas milionários, além de ações.
Em novembro 20 mil funcionários protestaram contra a maneira como a Google bonificou Rubin e Singhal, acusados de conduta imprópria
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O episódio causou grande desconforto entre muitos executivos, acionistas e funcionários da própria companhia, que chegaram a realizar uma passeata, em novembro, com nada menos do que 20 mil pessoas protestando contra a forma como a Gigante das Buscas lidou com a saída “bonificada” de Rubin e Singhal — somente o primeiro levou nada menos do que US$ 150 milhões em papeis da Bolsa de Valores. Agora, o buraco é mais embaixo e afeta o conglomerado-mãe da própria Google e outras empresas-irmãs.
Um dos acionistas da Google, James Martin, entrou com um processo contra a Alphabet, na Corte Superior do Condado de San Mateo, na Califórnia, alegando que a liderança da companhia de Mountain View “teve participação ativa e direta em um esquema de vários anos para encobrir o assédio sexual e a discriminação” no grupo.
Ação cobra devolução de bonificação e cita vídeos de submissão sexual
Um dos maiores alvos no processo é Andy Rubin, que não somente teria coagido uma colega de trabalho a fazer sexo oral em um quarto de hotel como também teria mantido por anos um comportamento tóxico dentro da empresa — a minuta do processo cita até mesmo vídeos de submissão sexual armazenados em seu computador.
Entre os executivos indicados como réus no chamado “processo derivativo de acionistas” estão os fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin; os ex-funcionários Rubin e Singhal; o atual CEO, Sundar Pichai; e uma série de executivos atuais e antigos e membros do conselho.
A ação quer também o fim de acordos de confidencialidade na empresa, como o projeto secreto do buscador para a China, o Dragonfly
De acordo com os advogados, a ação busca compensação legal por abuso de controle, enriquecimento sem causa e desperdício de ativos corporativos. Como penalidade, as exigências são o fim do uso de acordos de confidencialidade e de arbitragem na empresa — que espelha solicitações internas dos funcionários, em projetos “secretos” como o Dragonfly, a versão chinesa do buscador que acabou sendo arquivada — e o encerramento da estrutura de dupla classe que dá amplos poderes de voto fundador e aos primeiros executivos da companhia.
O criador do Android, Andy Rubin. (Fonte: Joi Ito)
Além disso, Martin não pede exatamente um valor específico, mas quer a restituição da bonificação e de outros lucros e benefícios recebidos por Rubin e Singhal de volta aos cofres da Alphabet.
Google por enquanto não comenta o caso
Procurada pela reportagem do BuzzFeed News nos Estados Unidos, um porta-voz da Google que também fala em nome da Alphabet diz que, por enquanto, “não tem nada a compartilhar” sobre o assunto da ação movida por Martin.
No ano passado, quando o caso estourou, o CEO Sundar Pichai publicou uma nota oficial sobre o assunto. É possível que ao longo do dia o mesmo aconteça.
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