Era 31 de outubro de 2008 quando Satoshi Nakamoto publicou um artigo delineando aquilo que seria a criptomoeda mais conhecida e valorizada no mundo. “Bitcoin: Um Sistema de Dinheiro Eletrônico de Ponto a Ponto” é o título da publicação que completa 10 anos nesta terça-feira (31) e foi o pontapé inicial de um setor repleto de entusiasmo para alguns e de desconfiança para outros.
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As primeiras transações com a moeda aconteceram apenas em 2009 e levaria alguns anos até que ela acumulasse toda essa publicidade que tem hoje em torno de si. No final de 2017, porém, um salto grandioso elevou o patamar da moeda, que chegou a valer quase US$ 20 mil no último mês de dezembro e agora está na casa dos US$ 6,5 mil.
A ideia por trás do bitcoin parece realmente interessante nos dias de hoje: uma moeda sem vinculação oficial a nenhum país e sem a chance de ser rastreada, permitindo transações privadas sem a vigilância de governos e corporações.
Entretanto, a sua dádiva é também a sua maldição, e muitas críticas em torno do bitcoin giram exatamente em torno disso: se uma transação não pode ser facilmente rastreada pelas autoridades, elas podem envolver negócios escusos como compra de drogas ou armas ou mesmo servir para evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Criptomoeda mais famosa e valorizada do mundo, bitcoin completa 10 anos nesta terça-feira (31).
Instabilidade: a única certeza
Não há como saber qual era o valor inicial de uma unidade de bitcoin, mas é fato que era infinitamente menor do que é hoje. O seu crescimento ao longo dos anos foi lento e o primeiro salto aconteceu em 2013 — um estudo indica que tal avanço envolveu uma manipulação para valorizar a moeda artificialmente.
A partir dos últimos meses de 2017, o bitcoin entrou em uma montanha russa de sobe e desce que o levou a valer US$ 19,5 mil e, depois disso, uma serie de variações que reforçaram a desconfiança dos críticos.
Distante das origens
Além da instabilidade, algo comum em um mercado altamente especulativo, o bitcoin também está distante de suas raízes. Isso acontece porque a rede proposta por Satoshi há 10 anos envolvia descentralização e privacidade, algo reduzido ao longo deste período graças à proliferação das casas de câmbio.
Empresas que compram e vendem bitcoins em nome de donos das moedas existem por uma razão: demanda. Muita gente acha mais simples delegar tal função a uma empresa e controlar tudo como ações ou títulos do que colocar a mão na massa e fazer tudo por conta própria. Assim, esse movimento de distanciamento das origens foi natural e provavelmente é irreversível.
De qualquer maneira, estamos falando de uma moeda virtual cujo valor total de mercado hoje é de US$ 109 bilhões, algo equivalente a R$ 407 bilhões.
Popularização do blockchain
Talvez o principal legado do bitcoin tenha sido a popularização do blockchain, o livro-razão público no qual todas as transações ficam registradas. A tecnologia que combina uma base de dados distribuídos e uma rede ponto a ponto e foi definida no código fonte original da criptomoeda criada por Satoshi.
Atualmente, a sua utilização vai além do bitcoin e a tendência é que outras comunicações e transações realizadas pela internet utilizem esse tipo de estrutura a fim de garantir a segurança e a privacidade das pessoas e dos dados envolvidos.
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