Após funcionários da Microsoft denunciarem um contrato da empresa com o departamento de imigração dos EUA para realizar reconhecimento facial de refugiados, a empresa fez um comunicado hoje (13) explicado que, no momento, não oferece produtos nem trabalha com o governo dos EUA para este fim. A empresa, contudo, não negou que o contrato em questão de fato exista e que, talvez, ele possa um dia ser utilizado para fornecer tecnologia de reconhecimento facial.
O assunto é delicado porque as autoridades de imigração dos EUA em aeroportos e fronteiras de terra estão mantendo imigrantes refugiados em condições consideradas desumanas, tendo inclusive algumas crianças sido separadas à força de seus pais. O governo dos EUA vem ignorando pedidos de organizações internacionais para reunir famílias e resolver a questão da detenção dos refugiados.
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Essa crise tem gerado inúmeros protestos nos EUA por conta dos maus tratos aos refugiados, e todas as empresas que fornecem algum tipo de serviço para as autoridades de imigração nos EUA estão sendo criticadas por, em maior ou menor grau, estarem ajudando a perpetuar a situação. Funcionários da Amazon já fizeram uma carta pedindo que a empresa pare de vender software para o governo dos EUA, e o mesmo aconteceu com a Microsoft na denúncia de um contrato da empresa com o departamento de imigração. Ambas as empresas poderiam ter trabalhado no reconhecimento facial de imigrantes e refugiados.
Regulamentação
Talvez acabaremos descobrindo que os direitos fundamentais das pessoas estão sendo quebrados
A Microsoft, por sua vez, afirma que não se envolveu com esse tipo de tecnologia de biometria, sendo que seu contrato até o momento só serviu para fornecer serviços de email e calendário para a imigração dos EUA. A empresa também sugeriu que o congresso norte-americano regulamente o uso e o desenvolvimento do reconhecimento antes que empresas e organizações comecem a quebrar diretos dos cidadãos com a tecnologia.
“‘Andar rápido e quebrar as cosias’ tem disso o mantra do Vale do Silício no começo dessa década, mas se nós quisermos desenvolver rapidamente o reconhecimento facial, talvez acabaremos descobrindo que os direitos fundamentais das pessoas estão sendo quebrados”, disse Brad Smith, da Microsoft, em comunicado oficial sobre o tema.