A ZTE foi banida recentemente dos Estados Unidos após ter fornecido tecnologia para o Irã e a Coreia do Norte. Isso causou o encerramento de suas atividades e, de olho em contrapartidas para a economia norte-americana, o presidente Donald Trump ofereceu um pacto para reverter a situação. Agora, depois de avaliar a situação, os governos da China e dos Estados Unidos chegaram a um acordo, que acaba de ser assinado preliminarmente pela ZTE. A companhia terá que desembolsar US$ 1,7 bilhão para voltar a fazer negócios com empresas estadunidenses.
Para a ZTE fica difícil manter as portas abertas sem fazer negócios com as estadunidenses Qualcomm, Broadcom e Google
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A multa imposta pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos é de US$ 1 bilhão, mais custas judiciais de US$ 400 milhões. Como a ZTE já havia pago US$ 361 milhões, então o total vai para mais de US$ 1,7 bilhão. O preço pode ter sido salgado, mas ainda assim é possível de ser superado pela fabricante, que de outra forma não teria como continuar montando seus produtos, pois eles dependem das peças da Qualcomm e da Broadcom e de softwares da Google.
Outras imposições no documento incluem visitas irrestritas de fiscais e publicação em site sobre a quantidade de componentes pedidos pela ZTE, assim como demissão imediata de parte dos funcionários. A história toda é vista por muitos como uma desculpa para Trump aumentar as exportações, enquanto os orientais podem manter certo controle sobre os Estados Unidos.
As críticas ao acordo continuam fortes e o próprio Departamento de Comércio se limitou a dizer que “nenhum acordo definitivo foi assinado pelas duas partes”, indicando a possibilidade de uma reviravolta.
Reações negativas
Os membros dos congressos de ambos os governos já vêm criticando a postura de Trump desde o começo. A reversão do banimento inicialmente foi anunciada via Twitter. E o próprio presidente ainda usou o microblog para justificar ali mesmo que a ZTE é importante porque “compra bastante de companhias estadunidenses” e que a decisão é o “reflexo de um acordo comercial mais amplo com a China, assim como um melhor relacionamento pessoal com o presidente Xi (Jinping)”.
Senadores democratas cobram urgentemente por uma manobra para impedir a assinatura definitiva do acordo
Para muitos parlamentares norte-americanos, o acordo demonstra fragilidade e mantém “espiões” em território estadunidense, enquanto os chineses criticam a “demonstração de força” que os Estados Unidos fizeram questão de exibir ao expor a dependência que companhias orientais ainda têm dos fabricantes ianques.
O senador Democrata Charles Schumer diz que Trump “colocou a China em primeiro lugar, e não os Estados Unidos”. “Ao deixar a ZTE sair do gancho, o presidente que rugiu como um leão está governando como um carneiro quando se trata da China. O Congresso deve agir de forma bipartidária para bloquear esse acordo imediatamente.”
If these reports are true, @realDonaldTrump has put China, not the United States, first. By letting ZTE off the hook, the president who roared like a lion is governing like a lamb when it comes to China. Congress should move in a bipartisan fashion to block this deal right away. https://t.co/ehRxD8b8bl
— Chuck Schumer (@SenSchumer) 5 de junho de 2018
Mark Warner, outro senador democrata, expressou sua preocupação. "Se esses relatórios (do FBI e outros órgãos) forem precisos, isso é um grande erro. A ZTE representa uma ameaça à nossa segurança nacional. Essa não é apenas minha opinião — é a conclusão unânime de nossa comunidade de inteligência.” Ele cita o fato da ZTE e da Huawei terem sido acusadas pelo FBI e pela CIA de usar seus dispositivos para espionar as telecomunicações dos Estados Unidos.
A ZTE preferiu não falar nada a respeito e, ao que parece, o assunto deve ferver mais um pouco, enquanto o Congresso tenta alguma manobra para impedir a assinatura definitiva.
Fontes