O executivo australiano Craig Wright, que alega ser o criador da Bitcoin mas até hoje não conseguiu provar que seja Satoshi Nakamoto, foi acionado na Justiça em uma corte dos Estados Unidos, sob acusação de de ter tomado para si as propriedades intelectuais e centenas de milhares unidades da criptomoeda de um ex-parceiro de negócios, em um processo que ultrapassa US$ 5 bilhões.
A ação foi movida em West Palm Beach, na Flórida, no dia 14 de fevereiro, por Ira Kleiman, irmão de Dave Kleiman, investigador forense de informática que morreu em 2013 e teria participado da origem da Bitcoin ao lado de Wright. Segundo o texto, “Craig forjou uma série de contratos com o propósito de transferir os ativos de Dave para suas companhias” e teria falsificado as assinaturas do ex-colega em documentos da época.
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Ação acusa Wright de forjar assinaturas de Dave Kleiman
O documento afirma que “as assinaturas (de Craig) parecem ser uma cópia idêntica de uma fonte gerada por computador, chamada de Otto, disponível no https://www.wfonts.com/font/otto”. A narrativa destaca também que Wright teria entrado em contato com Ira, com o objetivo de devolver parte do que teria em propriedades de Dave — algo em torno de US$ 12 milhões — mas, segundo seu familiar, ele sequer havia transferido qualquer coisa para Wright.
Especialistas apontam provas falsificadas
Desde que Wright veio a público dizer que é o criador da Bitcoin, muita gente tem ficado com a pulga atrás da orelha e tenta ligar os pontos para ver se a história bate, tanto sobre a fundação da criptomoeda quanto na relação com Dave Kleiman. O que se sabe é que eles realmente estiveram juntos em iniciativas relacionadas à criptografia e que fundaram uma empresa, a W&K Info Defense Research LLC., assim como também possuíam uma considerável quantia da moeda digital, acumulada entre 2009 e 2013.
Wright parecia estar plantando migalhas de pão que nos levariam à sua teórica identidade secreta teórica
Porém, vários indícios apontam para falsificação. Um deles é uma chave encriptada, que supostamente conectava Wright a Satoshi. Analistas forenses descobriram que ela foi criada por uma versão de software que nem mesmo havia sido criada no período em que australiano alega ter sido gerada.
O jornalista Andy Greenberg, da Wired, cobriu o caso em 2015 e também não acredita na história. "Wright parecia estar plantando migalhas de pão que nos levariam à sua teórica identidade secreta teórica. Na verdade, já descobrimos que as três postagens no blog de Wright, agora apagado, pareciam revelar seu trabalho de Bitcoin de forma retroativa ou editadas após o fato, com o objetivo de inserir evidência (de sua participação).”
O ex-parceiro de negócios de Craig Wright, Dave Kleiman, que morreu em 2013
O advogado que representa Dave Kleiman, Devin Freedman, comentou ao Ars Technica que Wright deve a Ira Kleiman pelo menos 300 mil Bitcoins (algo em torno de US$ 3 bilhões), sem contar as moedas Bitcoin Cash geradas a partir dessas cifras, o que resultaria em mais de US$ 5 bilhões. “Não sabemos se são 300 mil, 550 mil ou 1 milhão de Bitcoins. Nossos clientes estão ansiosos para que Wright produza evidências sob supervisão de um tribunal federal.”
I am fine.
— Dr Craig S Wright (@ProfFaustus) 26 de fevereiro de 2018
Por enquanto, Wright apenas se manifestou algumas vezes no Twitter mas não falou oficialmente sobre o caso. É de se esperar que essa história ainda renda muito coisa pela frente, pois ainda não há datas para o início das entrevistas com os envolvidos.
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