Existe uma marca que pessoas de todas as idades citam como nostálgica em áreas bem diferentes e de todos os cômodos da casa: a Philips, que por essas lembranças todas é o mais novo capítulo da série de história da tecnologia.
Você vai conhecer de onde ela surgiu, em que ela se destacou e por onde ela anda. Para começar, Philips se escreve com um só "L", acredite se quiser! Para saber mais, é só conferir o vídeo abaixo.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
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Nos Países Baixos
A origem da Philips não é Estados Unidos nem Ásia. Em 1891, Frederik Philips e o filho Gerard compraram uma fábrica vazia em Eindhoven, Holanda. Lá, eles começaram a produzir lâmpadas de filamento de carbono e outros produtos. Mas o negócio ficou competitivo nos anos seguintes, e, para sobreviver, Frederik incluiu outro filho, Anton, que cuidava da parte de negócios.
Aí a sorte da família começou a mudar. Em 1908, nasceu a fábrica de lâmpadas da Philips e, quatro anos depois, em 1912, ela inaugurou uma nova fábrica para os bulbos. Na época, a empresa abriu o capital e ganhou fama com encomendas internacionais, até do Palácio de Inverno, residência oficial do Tsar na Rússia.
Gerard era engenheiro e já testava como fazer para que as lâmpadas durassem mais, então ele ajudou a criar um conceito que toda empresa faz hoje: montou o NatLab, um laboratório de pesquisa de física e química integrado com a indústria para criar e melhorar equipamentos.
O tempo passou e, em 1916, a Philips viu que precisava ampliar e atuar em várias áreas ao mesmo tempo. Nesse ano, ela lançou tubos de raio X para uso médico e expandiu para receptores de rádio.
A Holanda ficou neutra na Primeira Guerra Mundial e cresceu muito por isso, já que podia negociar com outras nações tranquilamente e teve alta em indústrias como a de energia
Em 1927, ela começou a produzir rádios e mostrou que não estava para brincadeira. A Philips vendeu 1 milhão de unidades em 5 anos e rapidinho virou a maior fabricante do mundo no setor. A empresa até manteve uma estação de rádio de ondas curtas no ar, que só foi interrompida na Segunda Guerra Mundial por causa da invasão alemã. Em 1931, ela lançou o rádio 930A, que ficou conhecido como "capela”.
A década de 1930 foi mais uma cheia de grandes lançamentos em medicina e comunicação. A primeira TV da Philips foi revelada em 1938, depois de anos de estudo. Já em 1939, foi lançado o revolucionário barbeador elétrico com lâminas rotatórias Philishave. A marca pegou tanto que durou até 2006. A empresa também começou a trabalhar nessa época com o chamado motor Stirling, usando ar quente e fontes externas de calor para gerar energia.
Da Segunda Guerra em diante
Aí veio a Segunda Guerra Mundial, e a Philips passou por muitos problemas. Os executivos foram quase todos para os Estados Unidos a fim de fugir da invasão alemã, mas a parte administrativa foi enviada para Curaçao, uma colônia holandesa — tudo para não ficar nas mãos de estrangeiros.
Quem permaneceu na Holanda foi Frederik Jacques Philips, Fritz, filho de Anton e que era gerente na época. Ele foi inclusive obrigado pelos nazistas a abrir uma fábrica da Philips em um campo de concentração perto de Vught.
A Philips teve campos de trabalho durante o nazismo, mas fez o máximo para evitar extermínios
Por um lado, isso fortaleceu a indústria de guerra dos nazistas. Por outro, ele conseguiu salvar a vida de 382 judeus, ao colocar o máximo possível de pessoas para trabalhar como indispensáveis, salvando-os da execução. Fritz chegou a ser preso por não colaborar com os alemães, mas depois ganhou uma medalha de reconhecimento por esse trabalho humanitário.
Fritz foi tão importante para os judeus, a Philips e a cidade que ganhou uma estátua em Eindhoven
Ele foi o último Philips presidente da empresa, de 1961 até 1971. Depois da guerra, Eindhoven ficou destruída por bombardeios, mas a Philips conseguiu se reerguer.
Ela desenvolveu em 1949 um sincrocíclotron, um acelerador de partículas capaz de ajudar no tratamento contra o câncer. Em 1950, lançou a gravadora Philips Records, que comprou a concorrente Mercury, virou referência em vários gêneros musicais e depois mudou o nome para Polygram. Atualmente, a Philips Records é parte do conglomerado Universal Music.
Primeira grande revolução
Em 63, vem uma inovação que muita gente aqui pode ter usado. É o Compact Audio Cassette, ou a boa e velha fita cassete de gravação magnética pra áudio. Ela também lançou um dos primeiros gravadores e licenciou o formato. A Philips ainda vendeu o primeiro aparelho de som formato Boombox, combinando tocadores de fita cassete com rádio. Ela só não foi a líder em tudo porque a Sony veio com o Walkman, uma história que a gente já contou por aqui.
Ela ainda mostrou ao mundo o primeiro gravador videocassete do mundo em 1971, mas demorou anos para lançar aparelhos de VHS e ficou para trás no mercado. O para a época revolucionário sistema N1700 permitia 2 horas de gravação em uma só fita.
A batalha dos discos e fitas
Aí começou a guerra dos formatos de mídia. A Philips perdeu a batalha do Mini-Cassete dela contra o Microcassette, da Olympus. Ela também perdeu para o VHS ao tentar lançar o formato Video 2000 e o LaserDisc. Esse último é de 1978, e muita gente diz que ele tem qualidade de áudio e vídeo melhor que a dos rivais, mas não vingou. Só que a ideia de colocar tudo em um disco era boa e seria usada mais para frente.
Em 1982, Philips e Sony montaram uma parceria e lançaram o Compact Disc, ou CD. Ele começou só rodando músicas, mas logo foi usado também para dados como CD-ROM. A Philips também oficializou pesquisas em circuitos integrados e abriu em 1984 uma empresa chamada ASML junto com a ASMI. Ela virou uma das maiores fornecedoras de máquinas que produzem chips de memória e processadores do mundo.
Quase uma década depois, ela se empolgou também com games. Pela subsidiária Magnavox, ela lançou o Odyssey, considerado o primeiro console caseiro comercial. Em 1991, foi a vez do CD-i, um console marcado pelo gênero FMV, que são aqueles filmes interativos, fora licenciamentos raros com a Nintendo para Mario e Zelda. O CD-i foi muito criticado, um fracasso comercial e deixou de existir 7 anos depois.
Promissor, porém bizarro: o CD-i
Mas em 1997 ela firmou outra parceria de sucesso com a Sony e rivais como a Toshiba, que foi a história de algumas semanas atrás. O resultado é o DVD, que nasceu em 1995.
Reorganizando a casa
Na década de 1990 e no começo dos anos 2000, a Philips fez várias mudanças radicais na própria estrutura. Ela deixou de vender vários produtos e simplificou a organização, focando mais em equipamentos médicos e fazendo várias aquisições na área.
Algumas divisões começaram a surgir e ficar mais independentes
Em 2000, ela comprou a Sonicare e oficializou a Philips Oral Healthcare, lançando escovas de dente elétricas e outros produtos do tipo. Já a parte de semicondutores da Philips foi vendida em 2006 e passou a se chamar NXP.
A divisão odontológica inclui até escova de dentes elétrica e conectada
Em 2001, Philips e LG iniciaram uma joint venture para a produção de monitores sob o nome LG Philips LCD e outra para fazer componentes como tubos CRT, a LG Philips Displays. A primeira se tornou a divisão de monitores da LG em 2008, quando a Philips vendeu a parte dela. A segunda foi um sucesso até 2007, quando deixou de existir.
No mesmo ano, surgiu a primeira cafeteira Senseo, em parceria com a marca Sara Lee. Ela virou moda entre fãs de café e é lançada até hoje. Ainda em 2001, a sede da Philips foi transferida de Eindhoven para a capital Amsterdã.
Em 2009, ela começou a investir em lâmpadas com tecnologia LED para reduzir o consumo de energia. Esse virou um dos grandes mercados da empresa, inclusive com a linha Hue de lâmpadas inteligentes e controladas via WiFi, que existe desde 2012.
Lidando com problemas
Ao longo dos anos, o mercado nacional e internacional da Philips encolheu, e ela decidiu fazer vendas para melhorar as economias. Em 2013, se desfez da operação de áudio e vídeo para a japonesa Funai Electric, incluindo DVDs e aparelhos de som, em uma venda que só foi finalizada em 2017. A nova dona ainda pode usar a marca Philips sob o pagamento de uma taxa.
A Gibson, aquela das guitarras, comprou em 2014 outra divisão de aparelhos dela, chamada Woox. A Philips até tirou Electronics do nome nesse ano e se tornou Royal Philips, passando a terceirizar a fabricação de vários dos produtos.
A separação mais recente foi em 2015, quando os negócios de iluminação, LEDs e tecnologia automotiva foram divididos e parte deles negociados com um fundo de investimentos
Ela também continua investindo bastante em headphones, como as linhas BASS e Fidelio, monitores para games e televisores 4K. Nos dispositivos móveis, ela é bem mais tímida, com modelos como o smartphone W6618, lançado só na China, e o dispositivo Lumify, que transforma o aparelho móvel em um ultrassom portátil.
A Philips no Brasil
A Philips do Brasil existe desde 1924 no Rio de Janeiro; nos anos 60, abriu um escritório no Recife e, em 1977, outra filial na Zona Franca de Manaus.
Em produtos lançados, TVs e rádios com certeza se destacam. Mas ela também vendeu transmissores em parceria com a Cacique a partir dos anos 40. Já a Philips Records foi uma das maiores do mercado também do Brasil com esse nome e também sob o selo Polygram. Desde 1962, ela trabalhou com artistas como Chico Buarque, Belchior, Maria Bethânia e Raul Seixas.
Em games no Brasil, ela se destacou por lançar o Odyssey pelo selo Magnavox, em 1983. Na verdade, ele era o Odyssey 2, sucessor do primeiro console de sucesso em todo o mundo. Mas, como o Brasil não recebeu esse primeiro aparelho, tiraram o 2 do nome. A Philips até traduziu alguns nomes de jogos para lançar por aqui, e foi por isso que Pac Man virou Come Come.
A marca hoje
Agora a gente salta no tempo para as novidades mais recentes. Em 2007, a Philips trouxe ao Brasil a TV da linha Aurea, cujo destaque era uma evolução da tecnologia Ambilight, que passava para a moldura da TV as cores presentes na tela, dando uma sensação maior de imersão.
No mesmo ano e em parceria com a GoGear, saiu uma linha de MP3 e MP4 players. Já em 2008, foi a vez de a linha de TVs da Design Collection chegar ao país.
No setor de produtos, a Philips aposta hoje em barbeadores e aparadores de pelo masculinos, depiladores femininos e ferros de passar. Isso sem contar a linha Avent de extratores de leite materno e copos para crianças. Mas a principal mesmo é a família Philips Walita, que é dela desde os anos 70 e conta com liquidificadores, processadores, panelas e a grande estrela, que é uma Airfryer, a fritadeira sem óleo que é sempre um sucesso em Black Friday.
E claro que ela ficou ainda mais famosa porque a gente chama um tipo de chave de fenda de chave Philips. É aquela indicada para parafusos do padrão da marca, que são em forma de cruz.
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A Philips hoje tanto no Brasil quanto no mundo foca em duas áreas: a primeira é saúde e equipamentos médicos, e a segunda é de utilitários de bem-estar. Aí tem eletrodomésticos, TVs, players de Blu-Ray, fones de ouvido, barbeadores, escovas de dente, extratores de leite materno e muito mais. É verdade que a Philips não é mais aquela marca dominante, mas a gente ainda vê muito dela por aqui, e ela tem uma ótima história para contar.
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