Um antigo funcionário da Uber publicou nesta semana uma carta descrevendo como funcionava um “departamento de espionagem industrial” da empresa nos EUA. De acordo com ele, haveria diversas pessoas trabalhando ativamente no roubo de segredos industriais de empresas concorrentes que também desenvolvem tecnologias para carros autônomos.
A Waymo processa a Uber pelo suposto roubo de sua tecnologia para carros autônomos
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O ex-funcionário Richard Jacobs não chegou a citar quais empresas a Uber espionava, mas destacou que o trabalho no departamento era intenso e agressivo, sendo que havia inclusive pessoas subornadas em outras companhias para vazarem seu progresso no desenvolvimento de carros autônomos para a Uber.
Por conta dessas alegações, o juiz responsável pelo processo da Waymo (empresa da Alphabet/Google) contra a Uber desmarcou o julgamento do caso que deveria acontecer nesta semana a fim de dar tempo de a parte acusadora averiguar as novas informações. A Waymo processa a Uber pelo suposto roubo de sua tecnologia para carros autônomos, e Richard Jacobs deu seu depoimento no caso recentemente.
Mensagens efêmeras
Jacobs ainda explicou que os funcionários do departamento de espionagem usavam um mensageiro específico capaz de deletar as conversas internas logo após serem lidas. Os servidores que cuidavam dessa ferramenta funcionavam de forma independente dos da Uber e também a partir de locais externos. A equipe ainda teria recebido treinamento de advogados sobre como prevenir que os rastros da espionagem fossem detectados pelas autoridades. Em outras palavras, as pessoas estavam aprendendo a destruir evidências dos supostos crimes da Uber.
Não consegue mais confiar na palavra dos advogados da Uber neste caso
Por conta disso, o juiz do caso da Waymo contra a Uber nos EUA disse que “não consegue mais confiar na palavra dos advogados da Uber neste caso. Se pelo menos metade desta carta for verdade, seria uma injustiça para a Waymo ir ao julgamento neste momento”. A suspeita é de que os advogados sabiam de todo o caso e estavam escondendo informações.
O processo entre as duas gigantes da tecnologia começou em fevereiro deste ano, quando a Waymo suspeito que a tecnologia para carros autônomos da Uber era muito similar à sua. A empresa agora argumenta que seu antigo executivo, Anthony Levandowski, — que começou a trabalhar na Uber em agosto de 2016 — teria roubado segredos industriais e levado para a rival. A carta de Richard Jacobs não faz nenhuma menção específica a este caso, mas considerando a cultura do departamento de espionagem, os advogados da acusação estão tentando conectar as duas coisas.
Mais lama
A maior parte dos problemas relatados pelo ex-funcionário são referentes ao período em que o cofundador Travis Kalanick era CEO da Uber. Sob seu comando, a empresa teria se tornando um “espaço de trabalho tóxico” e que permitia o assédio de funcionárias por parte de superiores. Mais recentemente, outro ex-colaborador da companhia relatou que a empresa deixou vazar dados de mais de 57 milhões de passageiros e motoristas. A Uber teria pago para os hackers deletarem os dados obtidos e ficarem em silêncio.
Agora, essas informações estariam sendo usadas por criminosos para comprometer contas de usuários do Uber e disseminar práticas de phishing contra as vítimas do vazamento. Recentemente, o TecMundo detalhou casos de contas hackeadas no Brasil.
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